Nas ruas, na fila do banco, enquanto escolhemos produtos nas gôndolas dos supermercados, no ponto do ônibus ou nos encontros sociais, ouve-se apenas o murmúrio que vem das entranhas de um povo revoltado com a atual situação que envolve uma parte considerável dos políticos de Alagoas.
A voz do povo nas ruas qualifica essa situação de absurda, inaceitável, vergonhosa e tantos outros adjetivos, alguns impronunciáveis.
Estamos vivendo em Alagoas um tempo de muita indignação, mas, por isso mesmo, de profundas mudanças. É importante insistir neste ponto: um tempo de profundas mudanças.
Existe hoje um quase consenso que Alagoas nunca mais será o mesmo depois das denúncias de corrupção que envolvem os deputados estaduais, secretários de estado, prefeitos, vereadores, servidores, policiais, membros do judiciário e muitas outras “autoridades” alagoanas que durante muito tempo usufruíram de prestígio junto à população a ponto de até se elegerem pelo voto popular e manterem um “status” de “intocáveis”.
A indignação está nas ruas, no rosto dos que exigem a cassação dos mandatos dos políticos e a prisão dos envolvidos nessas quadrilhas que assaltam, há décadas, os cofres públicos.
A indignação está nos lares, principalmente naqueles mais humildes onde os discursos das campanhas eleitorais entram como um raio de esperança e a autoridade dos cargos impõe o medo.
E por falar em esperança, quantas vezes e em quantas campanhas políticas vimos muitos desses que hoje ocupam as páginas policiais pregar honestidade, seriedade, decência, transparência?
Quantas vezes vimos homens de punhos cerrados e erguidos, identificando-se com aqueles que lhes prometiam uma nova vida! Vimos esperança no olhar de mulheres prenhes de fato e de fé, numa resignação divina daqueles que esperam pela vitória final.
Agora, a indignação tomou o lugar da esperança e da fé e está nas ruas, nos lares, nas filas de desempregados, nos campos, nos corredores dos hospitais, na violência das ruas, na miséria e na fome que poderiam ser combatidas com programas financiados pelos tantos e tantos milhões roubados do povo alagoano.
As denúncias de corrupção geram protestos, revolta. O medo dá lugar a um irresistível desejo de vingança, mas é preciso lembrar que estamos vivendo, também, um tempo de liberdade, de democracia. É preciso não esquecer que as denúncias estão ao alcance da sociedade em todos os meios de comunicação e que a informação é a única forma de constranger os desonestos.
Estamos às portas de um ano de eleições. Dentro de poucos meses os ilusionistas estarão novamente nos palanques na tentativa de ludibriar os eleitores com suas promessas mágicas e seus discursos bem trabalhados pelos marqueteiros de plantão. Mas, será também a hora de o eleitor exigir a inversão do ônus da prova. Nada de cobrar de povo a responsabilidade de escolher bem e blábláblá…
Nessa eleição, os políticos, principalmente esses que são freqüentadores assíduos das páginas policiais, terão que provar que são inocentes e, de preferência, honestos. E sabem o que diz a voz do povo nas ruas: Essa é uma missão impossível!
É importante também lembrar que é fundamental e vital, mexer nos brios dos homens e mulheres de bem de Alagoas, porque aqui tem gente digna sim!
Vez por outra aparece algum oportunista querendo insinuar que precisamos importar decência e honestidade. Não é bem assim!
Alagoas tem uma história construída por nós, os que aqui estamos e sempre estivemos e é exatamente por isso que não podemos ser fracos, covardes e omissos diante do poder que engana, rouba e destrói a nossa própria história.