Atualmente, 93% dos titulares do programa Bolsa Família no país são mulheres e 73% das famílias são negras. A afirmação foi feita pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, durante a quarta edição dos Diálogos Governo – Sociedade Civil: Brasil sem Miséria. O balanço apresentado pela ministra mostrou ainda, que, dos 22 milhões de pessoas que já foram retiradas da extrema pobreza, através do Brasil Sem Miséria, 78% são negros e 54% são mulheres.
Isso me fez lembrar o Mapa da Violência, divulgado recentemente pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) com números de mortes matadas apenas com arma de fogo. Nele, vimos dados alarmantes em relação ao tema, como por exemplo: as taxas de homicídio da população preta no país são 88,4% maiores que as taxas da população branca.
O mapa revelou também que Alagoas e a Paraíba são as unidades da nossa federação com as maiores taxas de óbitos de negros do país. Nesses Estados, para cada branco vítima de arma de fogo morrem mais de 18 negros.
Os números divulgados reforçam cada vez mais, a importância de se colocar em pratica, de forma séria o Estatuto da Igualdade Racial, sancionado em 2010. É fundamental termos, de verdade, uma política de participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural do país.
Precisamos urgentemente, iniciar de forma mais eficaz, a implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia entre outros.
Não podemos perder de vista essa afirmação da ministra e implantar no país de forma firme e objetiva, ações como, por exemplo: incentivo à criação e à manutenção de microempresas administradas por pessoas autodeclaradas negras; e apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das tradições africanas e brasileiras.
É importante também, incentivar à criação de programas em veículos de comunicação destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interesses da população negra e bancar as iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e superior.
É preciso urgentemente que tenhamos um país tolerante onde prevaleça a igualdade racial, sem preconceitos e que um dia, não teremos que marcar em nosso calendário o dia da consciência negra ou branca e sim que tenhamos 365 dias de consciência humana.
