Um site de notícias tem lá as suas características. Uma delas é que o avanço tecnológico permite que humanos exercitem o que a legislação brasileira tipifica como: direito de livre expressão.
Por isso os sites têm o espaço para COMENTÁRIOS. Consequentemente, as notícias postadas e os blogs fazem com que qualquer pessoa possa expor sua opinião, fazer um comentário, o que não significa, necessariamente, que todas as pessoas, mesmo que tenham direito, tenham capacidade para fazê-lo.
O apelo dos sites de que “você pode comentar”, é uma ferramenta que não se baseia na complexidade do pensamento humano, mas na ânsia de contar as visitas a cada postagem, afinal de contas, jornais sobrevivem de leitores, rádio sobrevive de ouvinte, a televisão de telespectadores e os sites de visitantes.
Comentar é um exercício muito delicado. Primeiro porque, apesar de todos terem informações disponíveis, nem todos são capazes de transformar essa informação em reflexão e aprendizado.
Fazer um comentário é expor seus conhecimentos sobre determinados assuntos e mais sério ainda, expor o que você pensa, que é como desnudar seus valores morais e éticos.
Eu, particularmente, considero o verbete COMENTÁRIOS como errôneo, uma vez que no nosso meio, comentarista é um especialista, um profissional que versa sobre determinado assunto, ou vários, porque tem conhecimentos específicos, vivência, experiência e informações privilegiadas. Se assim não for, melhor ficar calado do que passar vexame.
Mas, se a legislação proíbe o anonimato, a tecnologia permite e por trás desses comentários há pessoas que jamais assumiriam publicamente uma posição, seja ela política, religiosa ou ideológica e aproveitam-se da tecnologia para tentar esconder-se atrás de um teclado de computador.
Covardes?, não creio. Apenas pessoas que não conseguiram entender a importância da “liberdade de expressão” e sua essência que reside no sagrado direito de viver em um país onde, apesar de todas as mazelas, é democrático.
Comentar é uma arte. A arte de saber o que dizer e em que momento deve ser dito. Assim sendo, um comentário, uma opinião, uma nova visão sobre algum argumento podem ser bastante enriquecedores e até mesmo promover uma maior reflexão sobre determinado assunto.
Comentar não é estar a serviço de alguém ou de algum grupo, muito menos encardir a linguagem com palavras obscenas ou tolices demagógicas.
Comentar é ter uma concepção equilibrada da atualidade e estar conectado com a história, é conceituar princípios e ter disciplina, respeitando os limites da inteligência do próximo leitor-visitante-internauta que, muitas vezes, é infinitamente superior à do próprio comentarista e tem visão anos luz à frente, sendo, portanto, capaz de entender o significado das entrelinhas e o endereçamento dos “comentários”.
Comentar é um direito que deve ser exercido com sabedoria, elegância e, sobretudo, conhecimento de causa. Qualquer expressão que fuja desses princípios será como um espasmo de neurônios ensandecidos pelo odor de um destempero intelectual.