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A arte de administrar vaidades. Nem todo mundo é tão são.

Um dos maiores desafios que enfrentei em minha vida profissional em comunicação e de diretora de uma empresa, ao contrário do que dizem os especialistas, não foi administrar pessoas.

Gente normal, trabalhadores comuns, profissionais competentes porque eternos aprendizes transformam a tarefa de dirigir uma empresa comparável à confecção de uma boa receita.

Primeiro você se prepara espiritualmente (determinação), até porque administrar ou cozinhar, querer fazer algo com a certeza de que aquilo é o certo e o necessário (consciência de predestinação), faz com que você descubra em si mesmo a gratificante sensação de que está no tempo e no lugar onde deveria estar (vocação). Depois, você separa os ingredientes de acordo com as etapas da confecção da receita (aptidão) e os coloca cada um no seu lugar exaltando a importância de seu valor e capacidade para o fim comum (dedicação). Ao fim desse preparo, o cuidado de acompanhar o modo de fazer, permite que você possa, finalmente, gozar do prazer de sentir o cheiro, o sabor, a consistência, a imagem, a reação de quem usufrui, enfim, o resultado que se traduz em encantamento (paixão).

O difícil na arte de liderar é administrar os sentimentos negativos que permeiam o caráter do ser humano: inveja, ingratidão, arrogância, ambição desmedida, incapacidade de auto-avaliação e crítica e tantos outros que transformam os seres humanos em máquinas destrutivas. Todavia, o sentimento mais inútil e nocivo com o qual já convivi, é a vaidade.

Alguém já disse que nem todo mundo é são, nem todo ser humano é bom e nem tudo o que se vê é da forma que se viu. É por isso que precisamos ter muito cuidado na hora de tomar decisões, mas “quando você elimina o impossível, o que resta, por mais improvável que pareça, tem que ser a verdade.”

É claro que a maturidade nos traz em entendimento maior acerca de todos esses sentimentos, mas ainda insisto que o pior deles é essa vaidade doentia de quem se sente superior aos outros em qualquer aspecto da vida.

O conceito de vaidade, ou seja, qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória, já é resposta para muitas indagações sobre o tema.

A incapacidade de enxergar as próprias limitações e os defeitos e a generosidade exacerbada consigo mesmo são extremamente prejudiciais às relações humanas.

Chego à conclusão, portanto, que como seres humanos imperfeitos que somos, devemos ter a capacidade de enxergar que não somos tão belos como achamos, nem tão inteligentes como supomos, nem tão honestos como pregamos, nem tão queridos como desejamos, não tão valiosos como aparentamos e muito menos ainda que o mundo gira em volta de nós, sob pena de darmos um nó nos especialistas sobre administrar e gerenciar pessoas.

Os chamados “de fina estampa”, assim como na novela, que acham que todos ao seu redor são analfabetos, sub-espécies, bobos da corte ou coisa que o valha, acabam sempre revelando suas transgressões e insignificância.