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25 anos no rádio

E lá se vão 25 anos desde que aceitei o convite de Luis Carlos de Oliveira e de Arivaldo Lopes para participar do programa Tribuna Eletrônica na Emissora Rio São Francisco.

1985 foi um ano de acontecimentos importantes para a mulher brasileira, como, por exemplo, a aprovação, pelo Congresso Nacional, da lei que criou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e a criação da primeira Delegacia da Mulher no estado de São Paulo.

1985 foi o ano da eleição de Tancredo Neves e de sua morte. Da posse de José Sarney na Presidência da República, uma decisão considerada polêmica, mas que garantiu que o Brasil continuasse a trilhar o caminho da redemocratização. A história ainda haverá de fazer justiça aos generais João Batista Figueiredo e Leônidas Pires Gonçalves. As atitudes tomadas por esses homens em um momento tenso da política brasileira impediram que o país voltasse à ditadura.
Foi em 1985 que nós também tivemos a primeira eleição direta para prefeitos das capitais brasileiras e de cidades enquadradas na antiga Lei de Segurança Nacional.

A urgência da participação feminina nos assuntos cotidianos do país também determinou a presença mais efetiva das mulheres nos meios de comunicação.

Iniciei minha carreira no rádio como comentarista do programa Tribuna Eletrônica, apresentado pelo companheiro Luis Carlos de Oliveira. Em 1986 estreei meu primeiro programa, o Palavra de Mulher, patrocinado pela Loja Diana.

E lá se vão 25 anos!

Na nossa profissão, é importante ter consciência plena de quem você é e o que representa para os outros. Não é fácil, mas o comunicador carrega sobre os ombros a responsabilidade de conscientizar o seu ouvinte sobre tudo o que acontece no mundo à sua volta e esse é um compromisso que não pode ser desonrado.

Hoje, posso dizer que encontrei o que procurava, mesmo contabilizando os desafios e as desventuras, o enfrentamento de situações de risco ou vivendo momentos emocionantes.
Sei que tudo que é catastrófico, sensacionalista, violento ou vergonhoso gera noticia e dá audiência, mas as lições da profissão me ensinaram que a vida vai muito além de um programa de rádio, da audiência, de um prêmio ou dos elogios fáceis.

Hoje eu sei que há amigos reais, fiéis, e os amigos do microfone e da notícia, desde que eles, o microfone e a notícia lhes sejam favoráveis.

São 25 anos dedicados à notícia, à informação, à prestação de serviço, à discussão dos problemas da comunidade e à insurreição diante de um sistema que privilegia a mentira, a hipocrisia e a corrupção.

Mas também são 25 anos diante de crianças que se tornaram homens e mulheres informados a respeito de sua cidadania e de seus direitos e deveres de cidadãos. Vidas transformadas e se pelo menos uma foi salva, já valeu à pena!

Sei que pelo tempo que continuar a partir de hoje, estarei novamente diante de outros desafios, obstáculos e fatos.

Diante de crianças abandonadas e com tetos de escolas desabando sobre suas cabeças, pais desempregados, profissionais desrespeitados, mulheres vítimas da violência, doentes sem assistência, injustiças cometidas contra os que podem menos, cidadãos indefesos com direitos renegados e muitas outras mazelas provocadas por pessoas que ocupam cargos públicos, que foram beneficiadas com a esperança em forma de voto e que com o poder da representação e que em nome desses elementos tão singelos e significativos mentem, roubam, traficam, corrompem e até matam em nome do dinheiro e do poder, ignorando valores, princípios e compromissos.

A nossa luta é constante, diária, exaustiva, mas quando o fato acontece, é como um líquido que nos hidrata, alimenta e revigora.

Na Rádio Penedo FM, levo hoje ao ar o programa de número 4.875. Agradeço à minha família, aos meus filhos e peço perdão pelas vezes que a notícia foi mais importante do que a atenção materna e não percebi as mandíbulas de lagartixa secando ao sol ou não estava presente na queda da caramboleira.

Ao Luisão, meu companheiro, amigo há mais de 40 anos. Ao saudoso Arivaldo Lopes e a todos com quem convivi na Emissora Rio São Francisco; ao amigo Albérico Cordeiro, de saudosa memória, com quem aprendi muito sobre Alagoas, sobre o Brasil, sobre notícia e gente.
Agradecer ao Dr. Hélio Lopes e a Ronaldo Lopes pela oportunidade na Rádio Penedo FM onde, há vinte anos, desenvolvo meu trabalho contando com o respeito, confiança, liberdade intelectual e administrativa e dignidade.

Aos ouvintes, ao povo de nossa região, barranqueiros do Velho Chico em cujas águas me revigoro e fortaleço, obrigada. O meu maior compromisso é com vocês.

Aos meus companheiros do dia-a-dia não apenas um agradecimento, mas a certeza de que fomos designados a cumprir uma missão. Cada palavra transformada em notícia, cada esperança que regamos, cada injustiça que reparamos, cada sorriso que extraímos, cada dignidade que resgatamos através das ondas do rádio devem fazer parte de uma contabilidade que Deus estabeleceu para nós no seu Livro de Entradas e Saídas. E eu acho que o saldo é positivo e nós estamos bem no arquivo. Então, Vamos trabalhar?

O tempo é sempre de informação e a notícia está no ar!