Blocos inclusivos tomam conta da cidade do Rio de Janeiro em variados locais e eventos pré-carnavalescos. No próximo domingo (28), em Copacabana, o Alegria Sem Ressaca promove o décimo quinto desfile, alertando a população para a prevenção ao abuso de álcool e ao uso de drogas durante os dias de folia.
Este ano, o bloco tem como madrinha a cantora Ellen de Lima, uma das rainhas da Rádio Nacional, que fará 80 anos em 2018 e há 20 anos canta no Baile da Cinelândia, na região central do Rio. Criado pelo psiquiatra Jorge Jaber, em 2004, o Alegria Sem Ressaca tem a participação de dependentes químicos em recuperação, familiares, profissionais de saúde, além da adesão de artistas e atletas como Luiza Tomé, José Aldo, Eduardo Dussek e Teresa Cristina, entre outros.
O tema deste ano é o Carnaval dos Velhos Tempos. “Nosso objetivo é reviver o carnaval saudável, que não é caracterizado por excessos, no sentido de utilização de drogas”, salientou Jorge Jaber. O samba ficará a cargo da Velha Guarda Musical da Escola de Samba Vila Isabel. O jornalista da Rádio MEC AM, Cadu Freitas, vai dirigir o bloco.
Paralisia
Ainda no dia 28, a Praça Paris, no centro do Rio, reúne às 16h os integrantes do bloco Eficiente, voltado para pessoas com necessidades especiais. Mãe de Isabel e madrasta de Artur, ambos com paralisia cerebral, Bruna Saldanha organizou em 2014 uma ala de portadores de necessidades especiais dentro do bloco de um amigo. A adesão foi tão grande que, no ano seguinte, ela fez um desfile independente.
“Mas quem não tem deficiência e quiser participar, é super bem-vindo”, disse Bruna. O tema deste ano do bloco Eficiente é Inclusão se faz com várias mãos. O desfile conta com apoio do AcolheDown, grupo formado por pais de portadores da Síndrome de Down.
O bloco Empurra que Eu Ando também reúne pessoas com e sem deficiência. São “pessoas que usam muletas, cadeirantes e simpatizantes”, ressaltou uma das organizadoras, a fisioterapeuta Viviane Decat. O bloco é uma iniciativa dos fisioterapeutas, médicos e pacientes da Top Fisio, clínica de reabilitação localizada em Icaraí, Niterói, região metropolitana do Rio. Este será o nono desfile do bloco, que sai no próximo dia 3 de fevereiro. “É um bloco bem família, tem muita criança, idosos”, disse Viviane. Mais de 300 pessoas fazem parte do grupo, cuja comissão de frente é formada por cadeirantes.
Escola de samba
Ainda no dia 3, a Feijoada da Alegria abre os trabalhos da primeira e única escola de samba voltada às pessoas com deficiência, a Embaixadores da Alegria. A feijoada ocorrerá no Clube Marapendi, na Barra da Tijuca, zona oeste. O objetivo da agremiação é quebrar todas as barreiras de acessibilidade e os preconceitos de quem ainda vê pessoas com deficiência como incapacitadas.
O fundador da escola é o inglês Paul Davies, que está no Brasil há 30 anos. “Agora, eu sou carioca”, afirmou. Ele fundou a Embaixadores da Alegria em 2006. A escola abre o desfile das campeãs do carnaval do Rio, no dia 17 de fevereiro. Ela vem com cerca de 1,4 mil participantes, dos quais 900 são pessoas com todo tipo de deficiência. O enredo de 2018 é SuperHomem, SuperHeróis, SuperAção.
A Embaixadores da Alegria está com um grupo na Inglaterra ensinando pessoas com deficiência a montar um carnaval no país. “A gente está exportando nosso know- how (conhecimento prático) para países estrangeiros”, destacou Davies. O primeiro desfile ocorrerá em Londres, durante o verão europeu.
