
Aos 14 dias de vida, bebê de Pão de Açúcar recebe alta
Final feliz na história do bebê que foi salvo no dia 26 de março, por meio de mais uma ação de emergência do Samu Neonatal, dessa vez ocorrida na cidade de Pão de Açúcar. A criança foi transferida para a capital alagoana durante operação que envolveu transporte aéreo e mudou a rotina da cidade sertaneja, localizada a 230 km de Maceió, às margens do Rio São Francisco, no alto Sertão. Nesta quarta-feira, o bebê completou 14 dias de vida.
De acordo com o médico-pediatra João Lourival, que chefiou a equipe no resgate, a criança teve que ser transferida para Maceió porque apresentava um quadro de convulsão de difícil controle após aspirar, durante o parto, o líquido meconial, uma substância que contém fezes. Devido às dificuldades encontradas pela equipe médica que atendeu o menino em Pão de Açúcar, para controlar as convulsões, decidiu-se transferi-lo para a capital alagoana.
O resgate do bebê foi resgistrado, inclusive, com uma ampla reportagem publicada no Diário Oficial do Estado, na edição do dia 29 de março.
“Se isso não fosse feito, ele poderia piorar e até entrar em óbito, mas graças a Deus, o quadro da criança evoluiu muito bem e, nesta quinta-feira (8), ele deve ter alta e voltar para Pão de Acúcar”, revelou o médico que acompanhou o bebê no Hospital dos Usineiros, em Maceió.
A mãe Laíse Silva Santos passa bem e encontra-se em Pão de Açúcar, onde espera ansiosamente pelo filho, que apresenta todos os sinais de que será uma criança sadia, graças ao período em que esteve sob os cuidados da equipe médica na capital.
O diretor do hospital da Unidade Mista Djalma Gonçalves, onde foi feito o parto da criança, em Pão de Açúcar, Eraldo Almeida, recebeu com satisfação a notícia da alta do bebê. “Isso é gratificante para todos nós, médicos, e para o próprio governo do Estado, porque só reflete a seriedade desse serviço para que Alagoas reduza a mortalidade infantil”, disse, ao revelar que em Pão de Acúcar o Samu Neonatal já realizou pelo menos três operações semelhantes para salvar recém-nascidos.
A ação do deslocamento foi feita após chamado de urgência pelo serviço 192 para transportar o bebê, até então com apenas dois dias de vida. A operação durou duas horas e contou com o apoio do Gabinete Militar e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Estatísticas e punição – Com o trabalho do Samu Neonatal, Alagoas tem conseguido reduzir o número de óbitos de crianças, graças ao pacto feito entre o governo do Estado e o Ministério da Saúde.
De acordo com a médica Marta Celeste, coordenadora de Ações Estratrégicas da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), somente em 2009 o Samu Neonatal realizou
518 transportes incluindo capital e interior de Alagoas e até transferências para outros Estados. “Acreditamos que os números de 2010 serão ainda melhores, fruto do trabalho do Samu Neonatal e até da consciência dos gestores”, acredita a médica.
Segundo Marta, para os municípios que insistem em usar transportes inadequados para a transferência dos bebês recém-nascidos em risco iminente – o que anteriormente aumentava o número de óbitos de crianças – a Sesau adotou medidas punitivas para que os óbitos sejam evitados. “Todas as vezes que recebemos denúncias desse tipo, chamamos os gestores dos municípios para uma conversa e até podemos suspender recursos por até três meses”, revela Marta.
O serviço – Com o objetivo de reduzir a mortalidade infantil no Estado, o governo de Alagoas criou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Neonatal (Samu Neonatal), que realiza o transporte de bebês prematuros ou vítimas de doenças congênitas para as maternidades de referência contempladas no Programa de Reestruturação da Rede Materno-Infantil (Promater).
Caso algum recém-nascido – que esteja em um município onde não há atendimento especializado para bebês de alto risco – necessite de atendimento numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI), essas unidades podem acionar o Samu Neonatal para realizar o transporte, como oocrreu no caso do bebê de Pão de Açúcar, que é realizado por meio de uma Unidade de Suporte Avançado (USA – espécie de UTI móvel) dotada de ventilação mecânica, incubadora aquecida e de um kit de reanimação neonatal, atendendo aos padrões preconizados pelo Ministério da Saúde.
O Samu neonatal integra os programas Provida e Promater, já que o primeiro visa incrementar o atendimento de urgência e emergência e o segundo prima pelo atendimento especializado nas maternidades públicas alagoanas, a exemplo da Maternidade Escola Santa Mônica, em Maceió, e do Hospital dos Usineiros, que recebem recém-nascidos dos 102 municípios alagoanos.