Países pobres receberão ajuda técnica e financeira do Basic (grupo formado por Brasil, África do Sul, Índia e China) para ações de adaptação e mitigação às mudanças climáticas. Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou da reunião do grupo, neste domingo (24/01), em Nova Délhi (Índia), o Basic fechou o acordo de cooperação para ampliar a transferência de tecnologia e para criar o fundo de apoio à adaptação de países em desenvolvimento.
“O Basic era um espaço de negociação política e diplomática. Agora, a gente vai lançar a linha da cooperação, sobretudo, entre o Basic e os países em desenvolvimento , ressaltou Minc.
O grupo também vai apoiar parcerias de assistência técnica para o uso adequado das novas tecnologias para adaptação e mitigação. Os países do Basic têm ajudado várias nações mais pobres.
O Brasil, por exemplo, ajuda países africanos e da América Latina a fazer o monitoramento de suas florestas, com os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Tal iniciativa permite que esses países possam ter acesso a recurso do Redd. (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Em março, o Brasil realizará oficinas de capacitação, na Indonésia, sobre mecanismos que permitirão aos países pobres receberem recursos do Redd. Dentre as ações estão o monitoramento e o manejo florestal sustentável.
O grupo também apoiou a proposta do Brasil de criação de um fundo do Basic de ajuda às nações pobres em ações de adaptação às mudanças climáticas. Segundo Minc, Os valores do fundo serão fechados pelos presidentes e primeiros ministros dos países do Basic.
Apesar do fracasso da COP15, o Basic saiu fortalecido com o protagonismo no debate climático. O grupo elaborou uma carta, endereçada à secretaria da conferência, para a realizar, este ano, cinco rodadas de discussões internacionais para chegar à COP16, em dezembro, no México, com os pontos do novo acordo do clima acertados.
O Basic já fechou três reuniões do grupo para este ano. A próxima reunião está marcada para a última semana de abril, na África do Sul. O grupo vai também vai se reunir com os outros países do G77 para passar os pontos acertados. Minc lembrou que os quatro países do Basic fazem parte do G-77 – bloco dos países em desenvolvimento – e afirmou que trabalharão para fortalecer o grupo.
Segundo Minc, a tendência é o Basic se fortalecer e recompor os laços com o grupo dos 77. O Basic funciona como um motor de arranque. Ele sozinho não faz o carro pra andar. Então, a idéia é fortalecer o G77″, explicou Minc, sobre a importância do G77 para a criação de um novo acordo climático global.
O ministro Carlos Minc disse que o Basic irá se reunir com representantes dos Estados Undos, União Européia e outros grupos mundiais para afinar os detalhes sobre acordos climáticos. O grupo também se reunirá com os representantes do México, que sediará a COP16, para que não aconteça a mesma falta de coordenação que aconteceu na COP15. Para ele, a Dinamarca teve uma direção frouxa, o que deixou vários países, principalmente os que sofreram com os efeitos da alteração do clima, sem serem ouvidos.
Metas
Os países do Basic também se comprometeram a assinar, até o dia 31 de janeiro, as metas de redução voluntárias de emissão de gases de efeito estufa apresentadas em Copenhague. A assinatura do chamado Acordo de Copenhague acontecerá no mesmo dia, nos quatro países. A meta brasileira é de reduzir a emissão entre 36% e 39%, até 2020.
O Basic cobrou das nações ricas os US$ 10 bilhões acordados para ações de adaptação e mitigação dos países em desenvolvimento. Tal valor faz parte do compromisso das nações mais ricas de direcionar US$ 30 bilhões, até 2012, para adaptação e mitigação