Empresário concedeu entrevista à Rádio Penedo FM
O engenheiro e empresário da comunicação, Ronaldo Lopes, concedeu entrevista na manhã desta quinta-feira, 22 de março, ao programa Lance Livre da Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br), para esclarecer a questão da construção de um gasoduto paralelo à rodovia AL 110, com 66 km de extensão, cuja obra está orçada em R$ 24 milhões, ligando o município de Penedo a Arapiraca, através do City-Gate instalado no município ribeirinho.
Lopes foi um dos responsáveis pela instalação do City-Gate em Penedo, quando de sua passagem como deputado estadual pela Assembleia Legislativa de Alagoas, onde representando o povo penedense participou da batalha junto aos órgãos institucionais para que o ponto de acesso do gás natural fosse criado na “cidade dos sobrados”.
O engenheiro explicou que quando a Petrobras resolveu construir um gasoduto ligando o município alagoano de Pilar, em Alagoas, a Carmópolis, em Sergipe, passando pela cidade de Penedo, a sociedade civil organizada passou a discutir a possibilidade de uma compensação ao município pelo uso de seu solo.
O entrevistado lembrou que à época, em meados de 2004, foi levantada a hipótese de Penedo receber serviços como pinturas de creches, escolas e igrejas, por exemplo, mas isso foi considerado quase irrelevante em função da importância da passagem do gás pela cidade e principalmente pelos riscos que a construção de um gasoduto representa para a população.
“Quando assumi o mandato de deputado estadual procurei o presidente da ALGÁS, Gerson Fonseca, que de uma forma bem aberta me explicou que seriam beneficiadas com esse gasoduto as cidade de Aracaju, que já estava interligada a Carmópolis; Maceió, interligada a Pilar, e São Miguel dos Campos, onde já estava prevista a construção de um City-Gate, pois o aquele município já possuía uma fábrica de cimento e outras indústrias que justificavam a utilização do gás”, explicou Ronaldo Lopes.
Penedo não tinha demanda de empreendimentos industriais
Ainda segundo Lopes, os representantes da Petrobras, que também participaram da audiência pública, não aceitaram instalar um City-Gate em Penedo alegando que a cidade não tinha uma demanda de empreendimentos indústrias que justificassem sua instalação. “Na época tínhamos apenas o Posto Grande Rio, mas era uma demanda pequena para a instalação do City-Gate que representava um alto investimento”, acrescentou o engenheiro.
Foi a partir daí que a sociedade civil organizada manifestou-se de forma decisiva no sentido de exigir que Penedo fosse contemplada com um empreendimento de fundamental importância para o seu progresso e desenvolvimento.
“Após um curto espaço de tempo, o IBAMA convocou uma nova audiência pública, no mesmo local, o Theatro Sete de Setembro, onde ele já abriu a reunião dizendo que a Petrobras havia acatado a reivindicação de Penedo e que isso seria colocado como uma condicionante na licença ambiental. A partir daí ficou garantido que a licença ambiental para funcionamento do gasoduto ligando Alagoas a Sergipe só seria dada pelo IBAMA se a Petrobras fizesse o City-Gate de Penedo”, complementou.
Lopes destacou ainda durante a entrevista que a solicitação dos penedenses só foi acatada pela Petrobras porque foi embasada no potencial da região, principalmente no que diz respeito à implantação de um polo cerâmico na cidade com base nos em estudos de solo realizados pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM).
Conforme declarou Ronaldo Lopes, após as discussões quanto à questão da instalação do City-Gate em Penedo serem superadas, e as partes terem entrado em um consenso, uma grande expectativa foi automaticamente gerada com a possível chegada do tão sonhado desenvolvimento ao município ribeirinho. No entanto, a única coisa de concreta feita com o aproveitamento do City-Gate foi a ligação do gás ao posto de combustíveis Grande Rio para abastecimento com gás veicular, processo realizado ainda em 2009 pela ALGÁS.
“O Estado poderia, em parceria com o município, fazer uma ação mais forte no sentido de viabilizar o desenvolvimento de nossa cidade utilizando esse gás. Várias indústrias de cerâmica estiveram aqui em Penedo, se reuniram na secretaria de planejamento, mostrando interesse em vir para cá, mas elas pediram que o Estado fizesse um estudo mais aprofundado do tipo de argila, de condições de queima, uma série de estudos que dariam mais condições para nortear essas empresas, mas o Estado até hoje não fez isso”, declarou Lopes.
“Descaso com Penedo”
Ronaldo Lopes declarou também que o que preocupa é o limite na quantidade de gás que pode ser distribuída. Segundo ele, caso o gasoduto vá até Arapiraca, o gás poderá ser usado para abastecer as indústrias de lá e deixar o município de Penedo sem nada.
“O gás de Penedo não foi a Petrobras que chegou aqui e disponibilizou. Não foi governo do estado que chegou aqui e trabalhou para botar um ponto de gás e depois levar para Arapiraca ou outro lugar. Esse gás que existe aqui foi uma luta do povo penedense, uma luta grande e conseguida como compensação da passagem do gasoduto por nossa cidade. Nada disso está sendo levado em conta. Nenhuma ação foi feita pelo governo do estado para investir em Penedo para viabilizar o desenvolvimento de nossa cidade nesse momento em que o município está diferenciado na atração de indústrias por que ele possui a matriz do gás”, afirmou.
O município de Penedo ficou de fora até mesmo do material publicitário produzido pelo Governo e apresentado para investidores do sul apresentando as opções das cidades onde o gás poderá ser utilizado. Para Lopes, mesmo Penedo possuindo o City-Gate, matéria-prima para implantação de indústria e área disponível, o estado não investe na cidade porque falta representação e vontade política.
O governo, através da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Estado, declarou através de nota distribuída com a imprensa que o gás será levado para Arapiraca porque o município, considerado como a capital metropolitana do Agreste, apresenta potencial para atração de investimentos.
O empresário encerrou sua entrevista na emissora que é líder em audiência na região do Baixo São Francisco, destacando que considera a decisão política do governador Teotônio Vilela (PSDB) como um “descaso com Penedo”, onde nada foi feito para o desenvolvimento da cidade com a utilização desse gás.
“Eu acho que as autoridades teriam que conseguir do governo que antes de levar adiante essa ideia de levar o gás para Arapiraca, ele tivesse um compromisso com essa cidade, afinal Penedo está dentro de Alagoas, Penedo faz parte desse governo, não só existe Arapiraca. Quer dizer que Penedo sai na frente e vai ficar para trás por uma ação do governo?”, finalizou Ronaldo Lopes.
