Em ação simbólica, após caminhada pelas ruas da cidade, beiradeiros vão ofertar água ao sofrido Velho Chico
A cultura popular dos povos banhados pelo Rio São Francisco reza que a carranca espanta os maus espíritos. Um ‘adorno’ colocado na proa dos barcos, para afugentar, colocar para longe tudo de ruim, que possa fazer até virar as embarcações.
Em forma de protesto, buscando lutar em defesa do ‘Velho Chico’, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), realiza nesta terça-feira (03), em pontos diferentes do Rio, nos cincos estados banhados, várias ações pela sua defesa. E no Baixo São Francisco, a cidade escolhida foi Penedo, o ato ‘Eu viro carranca pra defender o Velho Chico’, que marcará o Dia Nacional de Defesa do Rio São Francisco, faz parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente.
Para falar da campanha, que acontece simultaneamente nos cinco estados margeados pelo Rio da Unidade Nacional, o secretário Executivo da entidade, Maciel Oliveira, concedeu entrevista ao Programa Lance Livre da Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br), nesta segunda-feira (02).
“O Comitê decidiu começar a movimentar os povos, principalmente de toda a Bacia, na Semana do Meio Ambiente. Sabemos que o aniversário do Rio é em outubro, mas a mudança foi um consenso, motivada por este ano ser eleitoral. Então, foi uma decisão para não ligar o movimento, a campanha. Por isso, foi antecipada para esta semana”, explicou Oliveira.
Alerta e programação
Ainda de acordo com o ambientalista, a situação do Velho Chico é preocupante e os pescadores são os que mais sofrem, os povos que dele sobrevivem.
“Vamos nos unir, principalmente os pescadores que estão sofrendo pela falta do pescado. Os peixes estão sumindo, o camarão está ficando escasso. Para entender, camarões pequenos estão sendo pescados com ovas, não estão em fase adulta para que isso ocorra. O ecossistema está mudando e o Rio São Francisco vem sofrendo. Vamos nos unir. A programação começa a partir das 07h30min, com um café da manhã na Escola Nossa Senhora de Fátima. Em seguida, uma mesa redonda vai debater a sua situação, e logo após, desceremos de mãos dadas até a beira do Rio, em ato simbólico. Lá, vamos devolver um pouco da água para quem nos alimenta e mata a sede por mais de 500 anos. Os índios Tingui Botó vão participar do ato, dançando o toré em forma de protesto em defesa da preservação do Velho Chico. Lutem, participem. Façam a sua parte”, concluiu o secretário Executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira.
