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Sergipe

Áudio: Posseiros denunciam pressão do INCRA e da PF para deixar terras

Denúncias feitas durante entrevista na Rádio Penedo FM

Famílias de trabalhadores rurais que sobrevivem em regime de agricultura familiar na Fazenda Batateiras, situada no povoado Brejão dos Negros, comunidade banhada pelo rio São Francisco no município de Brejo Grande-SE, denunciam que estão sendo pressionados por funcionários do Incra e por agentes da Polícia Federal para deixar a área que passou a ser reconhecida como comunidade quilombola.

A situação de terror instalada entre as famílias de posseiros, 27 delas legalmente representadas pelo advogado Fábio Sobrinho Melo, foi denunciada nesta quarta-feira, 11, durante o Programa Lance Livre (Rádio Penedo FM/97,3 Mhz e www.penedofm.com.br). Os moradores reivindicam o direito de permanecer no local onde seus antepassados viveram, lotes situados entre os 469 hectares da fazenda desapropriada por ter sido considerada improdutiva. Toda essa área foi declarada de posse coletiva para a Associação Santa Cruz, entidade que representa a comunidade quilombola beneficiada com o processo.

Representantes dos posseiros disseram também que os diretores da associação tem sido intransigentes, negando às famílias que tradicionalmente residem na área a possibilidade de continuar no local. O advogado Fábio Sobrinho afirma ainda que a superintendência do Incra em Sergipe nega acesso à documentação do processo, apesar de ter inclusive ingressado com uma representação para obter cópia de documentos.

Outro questionamento, este feito pelo Padre Alaílson – que participou da entrevista por telefone na emissora líder em audiência na região do Baixo São Francisco – é a falta do laudo antropológico que justifique a condição de comunidade quilombola na Fazenda Batateiras.

Nesse cenário de conflito, os posseiros denunciam que as visitas dos agentes da PF e dos funcionários do Incra tem sido cada vez mais constantes e truculentas como forma de pressão para que deixem as terras que ocupam. Os entrevistados afirmaram que os servidores federais sequer apresentam documentos nessas visitas e exigem prazos mínimos, dias, para desocuparem as residências.

Para chamar a atenção da sociedade para esses problemas, está previsto um ato público na manhã desta quinta-feira, 12, no povoado Saramém, situado dentro área em conflito em local onde os antigos moradores que cresceram no ‘beiço do rio’ precisam atualmente andar cerca de um quilômetro para ter acesso às águas do “Velho Chico”.