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Alagoas

Áudio: Nove horas sem energia! Quebra de linha provoca blecaute

Quebra de linha de transmissão é decorrente do desgaste provocado por queimas de cana, segundo a Eletrobras Alagoas

Quatro municípios situados no Baixo São Francisco passaram cerca de nove horas sem energia elétrica. O blecaute que atingiu Penedo, Piaçabuçu, Igreja Nova e Porto Real do Colégio foi provocado pela quebra de um cabo de transmissão de 69 mil volts, equipamento que caiu ás 18h15 desta quarta-feira (09) em ponto situado no povoado Campo Redondo, localizado em Penedo.

Em entrevista para a Rádio Penedo FM (97,3 Mhz), o operador de sistema Luís Marciano Batista, funcionário da Ceal – agora identificada como Eletrobrás distribuição Alagoas – informou que a quebra da linha é decorrente da redução de vida útil do equipamento, fabricado para funcionar com qualidade durante 30 anos. As queimadas em canaviais situados abaixo da linha de transmissão são apontadas como causa do problema.

Local de difícil acesso

Sobre a demora para a retomada do serviço (por volta das 3 horas da madrugada desta quinta-feira, 10), Luís Marciano disse que o local onde houve o dano é de difícil acesso. “Passar nas cercas, nas canas, e o carro que não entra, ter que levar o material nas costas até chegar o local, tudo isso dificulta”, explicou o operador de sistemas. Em meados de abril, um apagão provocado pelos mesmos motivos deixou três cidades ribeirinhas na escuridão por sete horas e meia.

Os blecautes no Baixo São Francisco serão resolvidos com a instalação de uma rede paralela à atual linha de transmissão que abastece duas subestações da Distribuidora Eletrobrás situadas em Penedo. Por coincidência, o estudo de impacto ambiental da obra seria apresentado por representantes do Ibama na noite desta quarta-feira em Penedo, audiência pública cancelada por conta da falta de energia.

Transtornos e prejuízos

Além dos transtornos causados às populações atingidas, o apagão gerou prejuízos para comerciantes de frios e donos de sorveterias. Até instituições de ensino superior, como o Pólo da Ufal em Penedo, tiveram perdas, no caso, a quebra do condicionador de ar instalado na sala do Professor Doutor Petrônio Alves Souza, docente do curso de Engenharia de Pesca. A climatização do ambiente não é apenas uma questão de conforto. Ela é necessária para a perfeita conservação de equipamentos, como microscópios. “A umidade aqui é alta, estamos muito próximos do rio São Francisco”, explicou o professor.

Fernando Vinícius - aquiacontece.com.brApesar do prejuízo material, a queda de energia poderia ter causado problemas irreversíveis para trabalhos de pesquisa, como os que serão desenvolvidos no Laboratório de Carcinologia (estudo de crustáceos). “Isso aqui vai funcionar como uma maternidade e um problema como esse pode colocar tudo por água abaixo”, disse o professor Petrônio, comparando o prejuízo ao incêndio que destruiu parte do acervo do Instituto Butantã, situado em São Paulo.

O receio tem fundamento. O condicionador de ar do Laboratório de Carcinologia “travou”, ainda que com temperatura estabilizada (25º) que não afetaria as larvas das espécies que dentro em brve estarão se desenvolvendo no berçário artificial. Para evitar futuros danos irreversíveis em trabalhos de pesquisa e perdas de equipamentos de alto custo, adquiridos por meio da aprovação de projetos, a direção do curso de Engenharia de Pesca do Pólo Ufal Penedo informou que vai adquirir geradores de energia movidos á óleo diesel, investimento que não estava previsto, mas que a realidade mostrou indispensável.