Aos nove meses de gestação, sentindo as contrações do parto, Maria Eliane dos Santos, 31, precisou bater à porta de seis maternidades até conseguir atendimento. A via crucis da gestante teve início na manhã do último sábado (24) em Penedo, onde Maria Eliane reside, passou por Arapiraca e só terminou em Maceió por volta das 17 horas.
Segundo Claudenice dos Santos, irmã da gestante, Maria Eliane começou a sentir as contrações ainda na madrugada do sábado, por volta das 2h00. Já de manhã, as duas se encaminharam até a Santa Casa de Misericórdia de Penedo, única maternidade pública do município. As 6h30, Maria Eliane foi atendida e orientada a esperar pelo anestesista porque o parto seria cesariana. Contudo, somente as 11 horas é que a paciente foi informada que o profissional médico especializado não iria trabalhar naquele dia.
Ainda de acordo com declarações da irmã da paciente – divulgadas na manhã desta segunda-feira, 26, no Programa Lance Livre (Rádio Penedo FM) -, Maria Eliane foi encaminhada pela Santa Casa, acompanhada por uma enfermeira, para a unidade da mesma rede filantrópica situada em Arapiraca. A esperança de parir com assistência médica no Agreste acabou com a informação que o atendimento não poderia ser feito por causa de problema em um equipamento. Restava apelar para maternidades da capital.
Maternidades lotadas
A primeira tentativa frustrada em Maceió aconteceu no hospital maternidade Santa Mônica. A unidade estava lotada, mesma justificativa apresentada nas unidades de saúde Bom Conselho e Paulo Neto. Por fim, o parto foi realizado na Maternidade Santo Antônio, onde Heloise Cristine nasceu por volta das 17 horas. Mãe e filha passam bem e devem retornar ainda nesta segunda-feira, 26, para casa, segundo Claudenice dos Santos.
O portal Aqui Acontece manteve contato com o provedor da Santa Casa de Penedo, Sílvio Menezes. Ele confirmou que não havia anestesista na unidade de saúde no último final de semana, ausência decorrente do corte no sobreaviso de responsabilidade da prefeitura. O pagamento ao profissional especializado é dividido entre prefeitura e unidade de saúde. Sozinha, a Santa Casa não tem como arcar com a despesa do anestesista contratado para os plantões já que Penedo dispõe de apenas um especialista no procedimento residindo na cidade.
Sílvio Menezes assegurou que está tomando as devidas providências sobre o caso e que, em breve, falará na Rádio Penedo FM sobre a Santa Casa de Penedo. A denúncia levada ao ar pelo repórter Luiz Carlos despertou em outra ex-gestante a vontade de falar publicamente sobre o que teria acontecido com ela. Tamires Emanuele disse que precisou abortar quando sua gravidez já havia completado mais de cinco meses por conta de uma infecção que poderia ter sido diagnosticada em uma das dez consultas realizadas na Santa Casa de Penedo.
A ouvinte alegou que houve negligência durante os atendimentos e que, em uma das vezes que foi encaminhada de Penedo para Maceió, acompanhou um caso semelhante ao de Maria Eliane. Confira na integra os dois depoimentos no link que acompanha esta matéria.