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Penedo

Áudio: Família acusa Santa Casa de Penedo de negligência em morte de bebê

Irmão da parturiente diz que vai procurar o MP; entidade garante que prestou atendimento

Parece que os problemas da Santa Casa de Misericórdia de Penedo não chegam ao fim. De falta de médico obstetra aos finais de semana, a cobrança para fazer parto, apesar de ser credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS), até a acusação de negligência na morte de um recém-nascido.

Nesta quinta-feira (05), durante o programa Lance Livre Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br), o irmão da jovem Joelma Alves Santana, que reside na zona rural de São Braz, fez graves denúncias contra a entidade hospitalar, a acusando de negligência na morte do seu sobrinho recém-nascido, ocorrido na última quarta-feira (04).

A parturiente deu entrada na maternidade por volta das 14hrs da terça, passou por parto cesária, e na quarta (04), o bebê foi transferido para uma UTI, em São Miguel dos Campos.

“Minha irmã deu entrada na terça-feira (03). Passou do tempo estabelecido para dar à luz, demoram. Isso é negligência, péssimo atendimento. O diretor clínico precisa ver quem são os seus profissionais. E digo mais, vou procurar o Ministério Público. Esse caso não vai passar em branco. E tenho certeza que a minha irmã não é primeira que passa por problemas na Santa Casa de Misericórdia de Penedo”, desabafou Fernando Alves, durante denúncia por telefone.

“Ela estava toda esperançosa. Entrou bem para dar à luz, com seu filho na barriga, e saiu com a criança morta. O bebê estava entubado, não tinha condições de ser transferido, e isso aconteceu. Estou sentindo a perda da minha irmã. E se preparem, não vai ficar assim. Isso não pode passar em branco. Se preparem, vamos processar a Santa Casa de Misericórdia de Penedo”, vociferou o irmão da parturiente que perdeu o bebê.

Entidade centenária se defende

O caso foi exposto durante o programa Lance Livre desta quinta (05). Durante todo o dia, tentamos buscar a versão da entidade. E nesta manhã (06), mais uma vez, buscamos contato, e conseguimos falar com o representante da Pro-Saúde, Geraldo Álveo, entidade que também administra complexo. O gestor nos passou o contato da médica especialista em pediatria, Rosete Andrade, responsável por pedir a transferência do bebê.

“O parto ocorreu na terça-feira (03), e na quarta-feira (04), quando assumi a plantão, percebi que o bebê apresentava desconforto respiratório. De imediato solicitei a sua transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Até que conseguimos rápido um leito em São Miguel dos Campos. Agora, a Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), demorou um pouco para enviar uma Unidade de Suporte Avançado (USA/ UTI móvel). Mas, garanto que não houve negligência, ou demora no atendimento. Teve médico para o parto cesária. O bebê teve acompanhamento médico. Não faltou nada”, explicou a médica.

Ainda de acordo com a pediatra, a gravidez indicava a presença de mecónio*. E durante o parto, o bebê branco aspirou. O que o levou a complicações pós-parto. “O caso é considerado grave, mas o recém-nascido estava estável. A gravidez é imprevisível. Podem ocorrer intercorrelações. Que foi o caso deste bebê, que aspirou o mecónio. Agora, volto a repetir, assistência médica não faltou, todos os procedimentos foram realizados”, concluiu a médica especialista em pediatria, Rosete Andrade, responsável por solicitar a transferência da criança para uma UTI. Apesar dos esforços, o bebê faleceu na noite de quarta-feira (04), na Santa Casa São Miguel dos Campos.

* Mecônio é um material fecal de cor esverdeada bem escura, produzido pelo feto e normalmente é expelida nas primeiras 12 horas após o nascimento. Porém, podem ocorrer casos de ser expelido antes do parto. Isso é considerado anormal e pode indicar sofrimento fetal. O mecônio pode ser responsável por um dos males que afetam o bebê, a chamada síndrome da aspiração de mecônio. O que ocorreu com o filho de Joelma Alves Santana, que o aspirou. Segundo a explicação da médica.