
Alunos da 3ª série da Escola Municipal Santo Antônio dividem birô durante a aula
Está faltando carteira em salas de aula da rede municipal de ensino de Penedo. Sem o equipamento indispensável para o bom rendimento escolar, alunos improvisam para continuar aprendendo. As equipes de reportagem da Rádio Penedo FM e do Portal Aqui Acontece foram nesta quinta-feira, 22, até o povoado Tabuleiro dos Negros para investigar a denúncia feita por mães de alunos ao presidente da Associação dos Remanescentes Quilombolas, Claudiano dos Santos.
Na Escola Municipal de Educação Básica Santo Antônio crianças reúnem-se num birô para copiar a tarefe. Na sala da 3ª série, quatro meninos dividem o mesmo móvel porque não há carteiras suficientes para os 26 colegas matriculados na turma, situação que poderia estar pior. “Hoje até que eles estão acomodados porque não estão todos os alunos presentes, mas quando ninguém falta, fica mais difícil”, declarou a professora Ana Lúcia dos Santos em meio à aula para 17 estudantes.
Carteiras em círculo
Lecionando há 18 anos na Escola Santo Antônio, Ana Lúcia disse que até o ano passado não existia esse problema de falta de carteiras. “Eu agora arrumo as carteiras em círculo para poder atender um de cada vez, mas quando todos estão presentes, é preciso formar duas filas no meio da sala”, disse a professora que, apesar do calor na sala, da lâmpada queimada e do reflexo sobre o quadro negro que atrapalha a leitura dos alunos, trabalha com dedicação.
Na sala do 4º ano, 38 alunos penam para ler o que está escrito no quadro porque o reflexo da luz incide sobre a lousa. Se a professora fechar as janelas, o calor fica insuportável e não há lâmpadas suficientes para garantir uma boa iluminação. Já no espaço destinado ao Jardim 1, uma esteira serve de assento na hora da merenda dos pequeninos. O improviso é necessário porque alguns ficam acomodados durante a aula em cadeiras de plástico, sem apoio para caderno.
Tarefa em pé
“Além disso, algumas carteiras estão estragadas e se eles sentarem nelas, pode acontecer de rasgar a roupa. É por isso que ele está fazendo a tarefa em pé”, justificou a professora Maria Aparecida Matias sobre a posição em que se encontrava um dos seus alunos no momento da reportagem. Merendeiras disseram ainda que, por falta de fôrro e de manutenção no telhado, algumas dependências da escola ficam alagadas durante as chuvas, uma delas a sala do Jardim.
Verônica Farias, diretora da Santo Antônio, informou que 20 carteiras foram entregues pela secretaria municipal em 2009 e que enviou ofício no dia 23 de março deste ano pedindo mais carteiras. Ainda de acordo com a diretora, o secretário Ronaldo Vicente se comprometeu em mandar os equipamentos na próxima semana. Verônica Farias acrescentou que a unidade tem 260 alunos matriculados em 2010 e que os estragos nas carteiras são, em parte, resultado da ação de estudantes do período noturno.
Escola Paulo VI
Moradores do povoado Manimbú também reclamaram a ausência de carteiras e as más condições estruturais da Escola Municipal Paulo VI, localizada na Cooperativa 2º Núcleo. Desde o fechamento do grupo escolar do Manimbú, os estudantes do povoado passaram a freqüentar a unidade situada na comunidade vizinha.
“O ano passado tinha monitora e este ano não tem, quem está saindo daqui com os alunos são as mães e tem muitas crianças que não estão estudando. Isso é uma coisa errada porque a mãe deixa de fazer as coisas em casa para ir tomar conta de aluno na escola”, reclamou Valquíria Silva dos Santos, 24, mãe de uma estudante da Paulo VI.
A moradora criticou a falta de pessoal para acompanhar estudantes no ônibus que faz o transporte escolar. Indignada com o fechamento da unidade de ensino situada na comunidade onde reside, Valquíria disse que vai ocupar o imóvel porque sua casa de taipa está prestes a cair. Além disso, os alunos sentam ou deitam no chão das salas da Escola Paulo VI por causa da falta de carteira ou porque as que sobram estão quebradas.
Portas e janelas quebradas
Gislene Santos Lima tem 13 anos, estuda a 8ª série na Escola Paulo VI e declarou ao Aqui Acontece que a diretora da unidade de ensino já pediu providências à secretaria. Aluno da 6ª série, Roni Francisco Santos acrescentou que não há professor de Educação Física, portas e janelas da escola da unidade estão quebradas e que é preciso consertar o telhado para acabar com as goteiras.
As denúncias confirmadas por vários estudantes ao microfone da Penedo FM foram presenciadas pelos vereadores Bili Marques (PMDB) e Raimundo Souza (DEM). Os parlamentares que tinham ido ao povoado para constatar a ponte inacabada sobre o rio Perucaba ouviram com atenção os reclames e se comprometeram em cobrar providências ao prefeito Israel Saldanha.