Vale do São Francisco fica localizado na parte alta de Penedo
Na manhã do último domingo, 06 de novembro, moradores do conjunto Vale do São Francisco, localizado na parte alta de Penedo, acordaram com o barulho de máquinas pesadas enviadas ao local pela Engenharq, empresa responsável pelo projeto, para demolir os muros e invasões construídos de forma irregular no residencial que foi entregue à comunidade no ano passado.
Desde então, uma grande polêmica se instalou na cidade e a busca por culpados se sobrepôs à consciência do que é certo e errado. Para sanar dúvidas quanto ao assunto, Lisandro Rêgo, gerente técnico da empresa, foi convidado e aceitou conversar com a radialista Martha Martyres, apresentadora do Programa Lance Livre na Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br).
Logo no início da entrevista, concedida via telefone, Lisandro Rêgo declarou que a medida adotada pela empresa foi legal e que os moradores do conjunto que fizeram construções irregulares foram avisados por duas vezes que se não demolissem o que estava fora da área pertencente aos imóveis, a própria empresa procederia com a demolição.
“Ninguém pode dizer que não foi avisado, quem disser isso está sendo leviano. Há 10 meses começaram a invadir lotes que não eram deles. No início usaram madeiras, cercas e arames farpados. Mandamos um representante da empresa ir ao conjunto e o mesmo orientou que as invasões deveriam ser demolidas porque eram irregulares”, explicou.

“Passaram quase 5 meses desde então, e o representante da empresa voltou ao conjunto, momento em que percebeu que a situação havia piorado, pois as cercas passaram a dar lugar aos muros e em um número bem maior. Mais uma vez avisamos que aquilo era irregular e que iriamos tomar as providências casos os moradores não fizessem nada”, complementou Lisandro Rêgo.
O gerente técnico da empresa responsável pelo projeto declarou ainda que como as recomendações da empresa não foram levadas em consideração, a Engenharq decidiu cumprir o que tinha prometido e determinou a demolição de tudo que estava irregular. “Nós estamos dentro da razão. No domingo, 06, quando as demolições iniciaram, técnicos da empresa estavam acompanhando os trabalhos com os documentos dos imóveis mostrando aos proprietários o que estava irregular. Em alguns casos, nós fomos procurados por pessoas interessadas em negociar e negociamos, sem problema algum”, salientou Rêgo.
O conjunto Vale do São Francisco possui dois tipos de terrenos, além dos pertencentes aos imóveis. Segundo o gerente técnico da empresa, algumas dessas áreas pertencem a própria Engenharq, os que são negociáveis, e outros são públicos, doados ao município para construção de praças, escolas, postos de saúde e outros equipamentos que possam servir a coletividade.
Questionado pela radialista Martha Martyres quanto aos problemas estruturais do conjunto, visto que esse tipo de obra conta com 5 anos de garantia legal dada pela Caixa Econômica Federal, que é o órgão financiador, Lisandro Rêgo declarou que a empresa desconhece a existência de problemas na estrutura hidráulica e elétrica dos imóveis, mas que busca soluções para outras deficiências.
“Quando o conjunto foi entregue, os beneficiários foram informados do procedimento que deveria ser adotado caso eles percebessem algum tipo de problema nos imóveis, mas até aqui pouca informação chegou pra gente. O que nós temos conhecimento até o momento é quanto ao problema da água, do esgotamento sanitário e dos buracos, mas nós só poderemos resolver este último quando encontramos soluções para os dois primeiros”, finalizou Lisandro Rêgo.

Pessoas quem tem problemas estruturais em residências contempladas através do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, podem abrir uma ocorrência junto à Caixa através do telefone 0800 721 6268 ou ligando diretamente para a área técnica da Engenharq através do (82) 3338-2232.
De acordo com a Caixa, assim que recebe as denúncias, o banco informa às construtoras que terão prazo de cinco dias para entrar em contato com o cliente. Se o problema não for sanado dentro de intervalo acertado com o comprador, a empresa ficará impedida de operar com a Caixa Econômica Federal até que o assunto seja resolvido. Se houver repetidas reclamações contra a mesma empresa, ela entrará para um cadastro negativo e o impedimento de contratar com a Caixa será permanente.
Ainda segundo o banco, no caso de famílias com renda até R$ 1,6 mil, enquadradas na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, a própria Caixa pode enviar uma empresa para consertar o vício, caso a construtora demore a dar solução.
