Processo de catalogação começou e famílias devem comparecer ao escritório da Igreja na cidade
Por vários anos o Cemitério São Gonçalo do Amarante foi mantido pelo poder Executivo. Seus funcionários contratados, comissionados e efetivos, subordinados a Secretário de Serviços Públicos. Sepultamentos e tudo relacionado ao campo santo, em sua totalidade, era exclusivo da Prefeitura de Penedo.
Porém, a Diocese de Penedo garante que parte do cemitério – a grande muralha que o cerca -, apesar de ter sido erguida com 4 contos, dinheiro doado pelo então Imperador Dom Pedro II, reivindica, inicia a posse da ‘propriedade privada’, que pertence à Irmandade do Santíssimo Sacramento. Não existem documentos que comprovem juridicamente, apenas atas de reuniões passadas.
O processo de catalogação já foi iniciado e algumas sepulturas da muralha foram identificadas com a placa contendo as inscrições ‘Propriedade da Irmandade São Gonçalo Garcia (82-3551-2686). A placa foi confeccionada errada, o correto segundo à Igreja é: Propriedade da Irmandade do Santíssimo Sacramento, tudo será retificado.
E para falar sobre o assunto, padre Jackson Nascimento, pároco da Catedral Diocesana e diretor do Colégio Diocesano, concedeu entrevista ao radialista Luiz Carlos, durante o Programa Lance Livre da Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br).
“Não existe uma Lei no município, creio que em nenhuma outra parte. O que existe são atas da Irmandade do Santíssimo Sacramento confirmando que o cemitério foi instituído pela Irmandade. E que depois de um tempo não teve como administrá-lo, o que foi passado para o poder Executivo administrar o solo e as paredes ficaram para à Irmandade. Então, o que desejamos é fazer uma catalogação, um recadastramento. Evidentemente que algumas sepulturas foram vendidas de forma inapropriada. Outras pessoas possuem apenas a permissão. Queremos que todos compareçam com os documentos até a secretaria de Diocese que fica na Igreja São Gonçalo para fazer o levantamento”, explicou o sacerdote.
Reorganizando o patrimônio da Igreja
Segundo padre Jackson, a inciativa é reorganizar, fazer um levantamento do patrimônio da Igreja em Penedo. Por anos, à Irmandade doava as sepulturas por quatro anos, devido à falta de espaço em Penedo. Passado o tempo, os restos mortais deveriam ser retirados, postos em outro local e o espaço devolvido. A prática se perdeu e não sabemos quantos túmulos estão vazios, ou ocupados e quantas pessoas são proprietárias de fato.
“Estamos tentando reorganizar, peço para pessoas que não precisam se inquietar. Basta procurar a secretaria da paróquia, levem o documento que possuem para fazer o recadastramento. Em plena era digital, não existem documentos na prefeitura que comprovem alguma coisa. São dadas concessões de forma arbitrária, errônea, conseguem espaço sem que um órgão competente tome conhecimento. Pintar uma vez por ano, passar cal, capinar, isso não é administrar cemitério. Administrar é levar a sério o local que guarda vários entes queridos de Penedo, um espaço de memória precisa de uma administração séria”, criticou Nascimento.
Apenas o muro
Só pertence à Irmandade o muro, o que deve ocorrer o recadastramento e se alguma sepultura foi doada a terceiros, à Igreja quer saber se pode ter ocorrido de forma errônea.
“O solo pertence ao município e a muralha a Diocese. Se alguma sepultura foi doada de forma errônea, queremos saber. Lembrando que o município devia ter doado apenas o solo. O muro é de propriedade da Irmandade. Independente de possuir ou não concessão, queremos ratificar que é propriedade da Irmandade do Santíssimo Sacramento, então, se você possui uma concessão, é um direito adquirido. Mas, têm quatro anos para retirar os restos mortais e colocar em outro lugar”, concluiu o padre Jackson Nascimento, pároco da Catedral Diocesana e diretor do Colégio Diocesano.
O cemitério solo vai continuar sendo administrado pela Prefeitura de Penedo e os túmulos das paredes serão administrados pela Igreja, por ser de sua propriedade.
Parte da história
O Cemitério São Gonçalo do Amarante é citado pelo Imperador D. Pedro II no ano de 1859, durante passagem por Penedo. E a administração da vila criticada há época pelo monarca e tudo registrado em seu diário de viagem, onde percorreu o Baixo São Francisco alagoano e sergipano, até a Cachoeira de Paulo Afonso.
“…Segui para o cemitério que tem uma vista muito bonita, precisando apenas de uma muralha que o cerque, para o qual deu a Assembleia Provincial 4 contos, e já se tem gasto 2 contos com os materiais, não vendo a obra começada”.
D. Pedro II durante visita a vila do Penedo
14 de outubro de 1859
À Igreja garante que é o verdadeiro dono da muralha, construída com o dinheiro do monarca, então, compareça ao escritório da Diocese que fica na Igreja de São Gonçalo para buscar outras informações. Ou então, ligar para (82) 3551-2686.
