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Penedo

Áudio: Agricultora denuncia que pagou propina de R$ 50 durante blitz em Penedo

Capitão Leal Neto, oficial do 11º Batalhão de Polícia Militar garante que sindicância será aberta

Durante a quarta-feira (08), militares do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Penedo realizaram uma série de abordagens a condutores de veículos no povoado Capela, zona rural do município, AL 101 Sul. Até então, tudo normal, o procedimento blitz também é uma forma de enfrentamento ao crime. Porém, uma condutora abordada buscou os microfones do Programa Lance Livre da Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br) para fazer uma grave denúncia, em que ela também pode ser processada com o agente público. Ambos por corrupção.

A agricultora Alessandra durante o programa matinal de jornalismo da rádio afirmou que pagou propina de R$ 50 para que sua motocicleta não fosse apreendida e notificada. Ela era a condutora e durante a abordagem policial não portava a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), nem o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), documentos de porte obrigatório.

“Eu sou agricultora, vinha da roça em minha moto. Fui parada e mandaram descer. Perguntaram pelos documentos e falei que estava em minha casa. Pedi para ir buscar e disseram que a motocicleta estava presa. Logo perguntei que história era essa e responderam que não tinha conversa, a moto seria rebocada. Depois pararam outras pessoas, revistaram e igualmente pediram habilitação. Algumas pessoas ficaram paradas esperando o resultado. Quando no final, ele falou que se tivesse que multar, o valor seria de R$ 1.500. Perguntaram o que eu queria, logo disse que podia dar R$ 50 para ele liberar a moto, ou então deixasse ir até minha casa pegar os documentos. Também pegaram dinheiro de outras pessoas. Fazem blitz na estrada de terra, todos nós trabalhamos no campo e não portamos documentos. Foram três homens em uma viatura Paraty por volta das 16hrs da quarta (08)”, detalhou a agricultora.

Comando do BPM de Penedo

Depois de grave denúncia, o radialista Luiz Carlos foi buscar respostas no 11º BPM de Penedo, onde conseguiu entrevistar o capitão Leal Neto, oficial do dia – quarta (08). O militar adiantou que será aberta uma sindicância para apuar as possíveis irregularidades. O capitão também expôs aos ouvintes qual deveria ser o procedimento correto durante a abordagem policial.

“Já passei o serviço, mas a partir do momento que estou tomando ciência do fato, vou tomar providência. Solicito que essa senhora venha até o Batalhão para ser ouvida e abrirmos uma sindicância. A Polícia Militar e o Comando não concebem estas atitudes. Repudiamos atos como estes. Havendo a veracidade, os policiais serão punidos. Isso não suja só o policial, se de fato aconteceu. Mas de toda uma instituição.”

Conduta ilibada

Ainda na denúncia, a agricultora Alessandra que reside no povoado Capela, zona rural de Penedo, afirmou que essa não é primeira vez que isso acontece na localidade e o capitão criticou que se realmente ocorreu, o envolvido não é digno de usar a farda da Briosa.

“Queremos ouvir essas pessoas para que isso não aconteça mais. A instituição fica mal vista pela sociedade. Militares que não praticam isso, que possuem conduta ilibada, estão sendo mal vistos por causa de companheiros que não são dignos de usar a nossa farda. Fazemos questão que ela e os demais compareçam ao Batalhão para ajudar na investigação. Oriento que não paguem propina, vão continuar alimentando, criando um vício com policiais que acham que existe obrigação do cidadão em lhe dar dinheiro. Não deem dinheiro”, observou o capitão PM Leal Neto.

O oficial encerrou a entrevista expondo qual o procedimento correto nestes casos: “Enquanto estiver sendo realizada a operação, o veículo fica retido se em desconformidade. Se caso seja comprovado que seu estado é regular, logo é liberado. Se estiver perto de casa, o proprietário pode ir até buscar, e comprovando com todos os documentos em dia, deve ser liberado sem ônus.”

Corrupção

Tanto quem recebeu, quanto quem contribuiu com o ato em fornecer não apenas dinheiro, para receber ou dar vantagem, incorre em corrupção.

Podendo a agricultora Alessandra responder por corrupção ativa: Alguém oferece alguma coisa, podendo ou não ser dinheiro, para que um agente público faça ou deixe de fazer algo que não deveria.

Se comprovada a denúncia a partir da sindicância, o agende público, no caso em questão, o militar, pode responder por corrupção passiva: o agente público pede uma propina ou qualquer outra coisa para fazer ou deixar de fazer algo.