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Penedo

Audiência pública no Teatro Sete de Setembro expõe trabalhos da FPI

Encontro mostrou ações da blitz que contou com 22 instituições atuando no Baixo São Francisco

Após cerca de duas semanas, a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), em Alagoas, ação que atuou contra os impactos da degradação ambiental na região da bacia hidrográfica do São Francisco, e que envolveu cerca de 22 instituições estaduais e federais, realizou uma audiência pública no Teatro Sete de Setembro.

O encontro aberto desta sexta (31), como o próprio nome diz, foi uma espécie de prestação de contas, buscando mostrar a população, além de esclarecer os pontos dos quais a FPI atuou nesta primeira etapa, nas cidades de Piaçabuçu, Feliz Deserto, Penedo, Igreja Nova, Porto Real do Colégio, São Brás e Olho d'Água Grande, alvos da fiscalização, divididas em quatro segmentos: urbana, rural, aquática e fauna.

Abrindo os trabalhos, um dos coordenadores da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), o promotor de Justiça Alberto Fonseca, explicou o objeto das fiscalizações nesta primeira etapa.

“O objetivo da FPI é proteger o meio ambientena na bacia hidrográfica do Rio São Francisco. Buscar a melhoria da qualidade de vida de toda a população. Com isso, queremos conscientizar, mobilizar a população para participar. Queremos voltar a estas cidades fiscalizadas, após o ciclo, e constatar que todos os problemas encontrados foram superados”, disse o promotor.

Após a fala dos membros da mesa, foi à vez dos coordenadores de equipes mostrarem aos presentes, uma espécie de balanço dos seus trabalhos.

Coordenador da equipe de fauna, o capitão da Polícia Militar, Alex Martella Orsi, mostrou números e imagens dos crimes encontrados. “Em cerca de oito dias, apreendemos 300 aves silvestres nas cidades visitadas e 100 animais, entre primatas e répteis, Além de armadilhas usadas na caça predatória de pássaros. As aves foram encaminhadas para o IBAMA, em Maceió, que fará um trabalho de triagem, para reinseri-los no meio ambiente”, contou sub-comandante do Batalhão Ambiental..

Pesca predatória

Durante a blitz, que durou cerca de quinze dias, a equipe aquática trouxe como resultado:

– Apreensão de 4957 covos ilegais;
– 1180 metros de redes ilegais;
– 02 armas de fogo;
– Soltura de aproximadamente 15 mil espécimes de camarão e peixes;
– 18 inspeções navais, emitidas 9 notificações para comparecimento e 3 autos de apreensão.

Ocupação Irregular nas margens do Rio São Francisco

Assessoria - MPE/ALCom relação às ocupações irregulares, foram inspecionados os municípios de Penedo e Piaçabuçu, em toda a sua extensão margeada pela o Rio São Francisco. Foram detectadas: Ocupação irregular de terreno de marinha e de espelho d’água do Rio São Francisco, ocupação de praia do rio, ocupação de área de preservação permanente, quando não ocupada, desprovida de vegetação, ausência de reserva legal e colocação de cercas dentro do rio (área de uso e bem comum do povo).

O resultado foi: Inspeções em 22 alvos relacionados à ocupação irregular na margem do Rio São Francisco. SPU – Notificações: 23; IMA – Intimações 19 (sendo 2 embargos) e 6 autos; Batalhão de Polícia Ambiental – Comunicados de Ocorrência Policial: 27.

Entre os imóveis inspecionados, a FPI esteve no ‘Rancho Terapia’ de propriedade do empresário Márcio Raposo. Localizado na zona rural de Piaçabuçu, com mandado judicial, a diligência teve acesso e promoveu duas notificações. A primeira ocorreu porque foi construído um muro de contenção, mesmo após um embargo promovido pelo Ibama. Inclusive, à época do embargo, foram aplicadas multas tanto pelo órgão ambiental, quanto pela SPU – Superintendências da Secretaria do Patrimônio da União. A segunda notificação teve relação com madeiras que foram encontradas no imóvel. Foram recolhidas 13 amostras pelo IMA, que terá que emitir laudo técnico informando se a madeira é, ou não, nativa.

O relatório final da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) será confeccionado e divulgado para a população, trazendo todos o trabalhos desempenhados nas quatro frentes de atuação. A blitz segue em sua segunda etapa, para outros municípios integrantes da bacia hidrográfica do São Francisco, em Alagoas. Lembrando que está ação foi inspirada na Bahia, que realiza a FPI desde 2002, de forma continuada, o que deve acontecer também em Alagoas.

Diante de tudo que foi exposto, em aproximadamente 05hrs de audiência pública, a promotora do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), Lavínia Fragoso, deixou como reflexão:

“Independe de notificação, qual o nosso papel em defesa do Rio São Francisco? O que estamos fazendo por ele?”.

A FPI

Cerca de 90 pessoas, de 22 órgãos federais e estaduais, atuam em ação conjunta em defesa do Velho Chico. Além do MPE/AL, fazem parte, o Batalhão de Policiamento Ambiental da Polícia Militar de Alagoas (BPA), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o Instituto do Meio Ambiente (IMA) e a Vigilância Sanitária. Já pela União, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Superintendência Nacional da União (SPU), Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL), entre outros. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é o principal articulador da fiscalização no local.