Encontro que legitimou a obra, também foi palco de críticas ao Governo do Estado
Aconteceu na tarde desta terça-feira (28), na Casa de Aposentadoria, a tão aguardada audiência pública promovida pela Álgas e pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), com o propósito de legitimar a obra do gasoduto Penedo-Arapiraca, investimento orçado em R$ 42 milhões, com extensão de 66 km. A título de compensação, a cidade quer que o Estado se comprometa na viabilização do futuro Distrito Industrial.
Em pouco mais de 3hrs, representantes dos órgãos envolvidos mostraram aos representantes de vários setores da sociedade, todo o processo da obra e os impactos ambientais do empreendimento, que ao fim, foi atestado como viável ambientalmente. O que significa, segundo o IMA, que não irá trazer prejuízos ao meio ambiente.
Mas, a audiência também foi palco de desabafos por parte dos representantes de vários segmentos da sociedade, inclusive, dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com relação à discriminação e abandono do Governo do Estado, para com Penedo. A obra já está confirmada, com previsão de início e recursos da própria Álgas e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Após as apresentações, foi facultada a palavra ao público, para que dúvidas fossem retiradas. Mas, o que aconteceu, foram diversas críticas ao governador Teotonio Vilela. O primeiro, foi o promotor José Carlos Castro, representante do Ministério Público, propositor do encontro. Durante a semana, vários penedenses se mobilizaram nas redes sociais, criaram uma petição on-line e debateram os possíveis prejuízos que esse investimento pode causar para o futuro Distrito Industrial de Penedo. Manifestações que foram apoiadas pelo magistrado.
“Quero dar o meu total apoio as diversas manifestações realizadas por todos vocês. E questionar por que esse desprezo com a nossa sociedade. Penedo não está na rota do desenvolvimento, infelizmente. Precisamos mais do que nunca, entrar nessa neste caminho”, observou o promotor.
O vice-prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes (PMDB), também fez uso palavra, e não diferente do promotor, teceu críticas à obra que vai custar R$ 42 milhões para levar o gás para Arapiraca, sem que exista uma indústria interessada até o momento na cidade. “O City-Gate foi uma compensação pelo etenoduto passar por Penedo e agora vão levar para Arapiraca, um investimento alto, sem que tenha nenhuma indústria interessada em se instalar na cidade. Porque essa discriminação com Penedo. Não tenho nada contra Arapiraca. Porque o Estado não investe no nosso futuro Distrito Industrial, que já possui o gás e contribui com a captação de indústrias para a nossa cidade”, criticou.
Uma cidade órfã de liderança
Desde 2009 que o ponto de entrega de gás, que fica localizado no povoado Itaporanga, zona rural de Penedo, está pronto para ser utilizado. A princípio, para o uso comercial de indústrias, que desde a época da construção, poderia já está atendendo um Distrito Industrial. Ponto observado pelo presidente da Academia Penedense de Letras, Artes e Ciências (APLACC), Valfredo Messias dos Santos. “Não temos uma luta política. Penedo não possui um representante. Não possuímos indústrias por falta de políticos. O City-Gate está parado desde 2009 e nenhuma indústria se instalou em Penedo. Não existe quem lute por nós. Somos órfãos de lideranças. Durante muitos anos dependemos de políticos de outras cidades”, recordou o presidente da Academia Penedense.
Depois do seu desabafo, Valfredo Messias questionou se ao levar o gás para Arapiraca, a partir do City-Gate de Penedo, a cidade poderia ficar insuficiente para atender indústrias que venham a se instalar no município. Segundo o diretor Comercial da Álgas, Antônio Carlos Mesquita, isso não vai acontecer. “Não existe problema algum. O gás não vai faltar para Penedo. Se alguma indústria se instalar em Arapiraca primeiro do que em Penedo, podemos ampliar os pontos de entrega a partir do City-Gate de Itaporanga”, explicou.
O Estado está apenas legitimando a obra
O vereador e líder da bancada de oposição, Antônio Nelson Filho (PSDC), se uniu aos presentes e criticou o desrespeito do governador Teotonio Vilela com a cidade de Penedo e indagou: “O que estamos fazendo aqui? O Estado não respeita os penedenses. Essa é uma atitude de desprezo com a cidade. O governo não desenvolve nenhuma ação para que possa contribuir com o desenvolvimento de Penedo. O que está acontecendo hoje, é apenas a legitimação da obra. Esse investimento já está certo, apenas estão nos comunicando”, avisou o legislador.
Após várias críticas, Estado se posiciona
Durante quase 3hrs, o Estado recebeu duras críticas, até mesmo de políticos que um dia foram alinhados com o governador Teotonio Vilela (PSDB). Uma unanimidade entre os presentes, o abandono de Penedo, a discriminação que a cidade sofre por parte do Estado, pela falta de políticas que contribuam com o desenvolvimento econômico de Penedo. E nesta quarta-feira, diante da legitimação da obra orçada R$ 42 milhões para levar o gás de Penedo para Arapiraca, sem que tenham indústrias interessadas em se instalar na cidade. Um investimento para o futuro, o secretário Adjunto de Desenvolvimento Econômico, Keylli Lima, resolveu se posicionar em nome do Estado. “Independente do gás, o Governo de Alagoas vai contribuir para a efetivação do Distrito Industrial de Penedo”, garantiu.
O secretário de Articulação Política, Rogério Teófilo, também se fez presente e confirmou que vai contribuir para a criação do futuro Distrito Industrial de Penedo. “Na próxima segunda-feira (3), o governador vai receber o prefeito Marcius Beltrão (PDT), em seu gabinete. Onde ele vai ouvir as suas reivindicações. O Estado está a sua disposição prefeito, para tudo que Penedo precisar”, avisou Teófilo.
Aproveitando a presença do secretário de Estado, a presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Penedo (Sindilojas), Ana Luiza, entregou uma carta contendo o posicionamento de todas as entidades de classe da cidade. O documento foi lido e passado para Rogério Teófilo, anexado à petição on-line, contendo mais de 350 assinaturas de penedenses, que reivindicam que o Estado se comprometa em viabilizar o Distrito Industrial da cidade, antes da construção do gasoduto Penedo-Arapiraca.
Os nossos jovens precisam de emprego
Encerrando a audiência, em que o Estado, através da Álgas e do Instituto do Meio Ambiente, seguiu os tramites legais para dar início à obra que já possui recursos destinados, o prefeito de Penedo, Marcius Beltrão (PDT), fez uso palavra: “A nossa região possui a matéria prima para indústrias do setor cerâmico, quanto mais próximo ela se instalar, melhor. Os custos diminuem. Possuímos o gás, então, que antes de levá-lo, o Estado invista na viabilização do Distrito Industrial de Penedo. Viabilize a área, visto que, já existe uma indústria interessada na cidade. O levantamento topográfico foi realizado na área e o local atende essa indústria”. Por fim, Beltrão fez um pedido: “Peço que se registre na ata desta audiência, que o povo de Penedo precisa de emprego”.