
Maracanã também vai precisar de diversas melhorias
A indefinição de um estádio em São Paulo para a abertura da Copa do Mundo não é a única preocupação do secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, que inicia hoje sua visita ao Brasil. A entidade máxima do futebol está bastante preocupada com o andamento das obras em todas as sedes. E outro patrimônio do futebol brasileiro terá especial atenção: o Maracanã.
De acordo com o último relatório que chegou à Suíça, o orçamento das obras para adequação do estádio carioca chega a R$ 1,4 bilhão. Vale lembrar que o Morumbi caiu em descrédito com a entidade por causa da dificuldade em viabilizá-lo financeiramente. A Fifa considera improvável que o São Paulo consiga captar cerca de R$ 1 bilhão. A diretoria tricolor, no entanto, garante que esse valor está bem acima do orçamento feito pelos responsáveis pelo projeto do clube e que o investimento total, de acordo com cálculos de hoje, será de aproximadamente R$ 290 milhões.
A desconfiança da FIFA em relação ao Maracanã surgiu em Zurique, sede da entidade na Suíça, motivada pelas seguidas reformas (com destaque para a dos Jogos Pan-Americanos de 2007) pelas quais passou o Maracanã e que não foram suficientes para atender às exigências da Fifa. Mas a direção da entidade ficou especialmente assustada na semana passada, quando recebeu imagens das dependências do local completamente alagadas pelas fortes chuvas que castigaram todo o Rio.
“A reforma do Maracanã tinha um orçamento bem parecido ao do Morumbi (cerca de R$ 1 bilhão)”, afirmou ao Estadão, profissional ligado à Fifa que acompanha o andamento dos projetos. “Só que, diante das ocorrências das últimas semanas (chuvas), serão necessárias obras extras, que aumentam esse valor em 40%.”
As “obras extras” às quais se refere o especialista estão localizadas na parte externa do estádio. O Estádio Mário Filho foi construído em região cercada pelo Rio Maracanã e córregos, o que faz seu terreno ser pantanoso e compromete a capacidade de drenagem. “Ali são necessárias obras que isolem a área em que estão o gramado e os vestiários, uma espécie de processo de impermeabilização do terreno. Assim como a canalização desses córregos”, comentou.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afirmou na semana passada que essas adaptações já estariam previstas na última versão do projeto apresentado.
O caso do Morumbi chamou a atenção de Valcke para outros dois estádios inscritos para receber partidas da Copa do Mundo de 2014. Assim como a casa são-paulina, a Arena da Baixada, em Curitiba, e o Beira-Rio, em Porto Alegre, são privados. A cúpula da Fifa entende que arenas pertencentes a clubes, no caso Atlético-PR e Internacional, respectivamente, têm mais dificuldades para conseguir os recursos necessários para as reformas acertadas. Isso porque não podem receber dinheiro público.
A diretoria do Colorado garante que o Beira-Rio passará por uma reformulação completa. Embora a obra ainda não tenha saído do papel, a previsão é de que tudo esteja concluído até o fim de 2012. Para viabilizá-la, os responsáveis pelo projeto gaúcho buscam parcerias para a construção e administração da nova arena.
Outro assunto que tem tirado o sono dos dirigentes da Fifa é o prazo para início das obras. Originalmente, as 12 sedes deveriam ter começado o trabalho em março. A data passou para 3 de maio e até agora nada de concreto foi visto. “Estamos otimistas quanto a isso, mas é preciso ver que o sinal de alerta já foi aceso”, observou o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, em recente evento realizado em São Paulo.
Orlando Silva recebe hoje Valcke e Ricardo Teixeira, às 11 horas, em Brasília, para tratar do projeto de lei do governo federal sobre questões tributárias.