Nos últimos 100 anos, Teatro Deodoro foi palco de importantes apresentações
Contar as histórias sobre a fundação da Associação Teatral das Alagoas (ATA) e do Teatro Deodoro é uma satisfação para o ator e professor de interpretação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Ronaldo de Andrade. Criada há 55 anos pela dama do teatro alagoano, Linda Mascarenhas, a Associação sempre foi composta por atores e atrizes locais e o maior desafio dos responsáveis por ela, Homero Cavalcante e Ronaldo de Andrade, é manter viva a memória da ATA.
Em 12 de outubro de 1955, Linda Mascarenhas sonhava em apresentar as primeiras peças no palco do Teatro Deodoro, e esse desejo não demorou muito para tornar-se realidade. Em janeiro de 1956, membros da Associação estrearam com a peça “Bossa Nordeste” e “Onde Canta o Sabiá”, com a atriz Anilda Leão no elenco.
Em seguida, Linda Mascarenhas, que também empresta o nome ao teatro anexo ao Instituto Zumbi dos Palmares (IZP), criou o teatro infantil e, a partir daí, deu novas oportunidades a atores e atrizes amadores de Maceió. Segundo o professor Ronaldo de Andrade, Linda apresentava de dois a três espetáculos no espaço do Teatro Deodoro.
“A ATA foi e é Linda Mascarenhas, porque ela fundou e a manteve viva até 1991, quando morreu. Para nós, do teatro, ela é a presidente perpétua, pois tinha todos os aparatos necessários para manter a ATA sempre acesa. Com a morte dela, nós (ele e Homero) sentimos a responsabilidade de dar sequência a tudo aquilo que Linda criou em prol da propagação do teatro local”, destacou Andrade.
ATA no Deodoro – Não foi só o teatro que tomou conta do palco mais pomposo de Alagoas. Apresentações de música e literatura ocuparam um espaço que se tornou comum no Brasil na década de 60. Já as apresentações de dança foram uma das mais tardias a chegar no Estado. “As três vertentes mais tradicionais são, sem sombra de dúvida, o teatro, a música e a literura”, revelou o professor.
Segundo Ronaldo de Andrade, o Teatro Deodoro traz um aparato técnico de melhor qualidade e de melhor condição para que os atores possam atuar. Para comemorar o aniversário de fundação da Associação Teatral das Alagoas (ATA) e do luxuoso Deodoro, os membros da Associação criaram o Projeto Outubro da ATA, com apresentações teatrais a partir de leituras dramatizadas, temáticas e da crítica literária.
Este ano, a Associação vai participar das comemorações do centenário do Teatro Deodoro com a apresentação da peça infantil “O Patinho Feio”, que será realizada nesta quarta-feira (17), às 16h. A história infantil ganha vida no texto de Lauro Dantas e visa passar para o público, formado por adultos e crianças, que é possível conviver em harmonia diante de algumas diferenças.
“Há quatro anos nós pretendemos apresentar o texto da história infantil em um grande espetáculo, e nada melhor que acontecer no ano do centenário do Deodoro”, comentou Ronaldo de Andrade.
De acordo com ele, a intenção é realizar uma obra de arte teatral com a aplicação dos recursos técnicos do Teatro e, assim, homenagear os grupos Teatro de Amadores de Maceió (TAM) e Os Dionysios pelo pioneirismo e pela obra de teatro infantil realizada nas décadas de 1950 e 1960, em Maceió. Além de homenagear o diretor e dramaturgo Lauro Gomes pelos 39 anos de contribuição ao teatro alagoano através da ATA.
A peça tem duração de uma hora e meia e conta com um elenco escolhido pela própria ATA: texto de Lauro Dantas; direção de Davi Farias; música de Mácleim; coreografia de Maria Emília Clark; cenografia, figurinos e arte gráfica de Novaes; musicalização de Luiz Martins; iluminação de Fátima Farias e coordenação de Homero Cavalcante e Ronaldo de Andrade.
Lançamento de livro – Na última segunda-feira (15), o governo do Estado lançou no Deododo o livro “Theatro Deadoro: 100 anos de Arte” e o professor Ronaldo de Andrade é autor do capítulo que conta um pouco sobre a história do teatro, bem como a ocupação do Deorodo pelos alagoanos.
“Em três meses, contei uma história que levou cem anos para ser construída. Tenho muito orgulho e sou muito grato por fazer parte deste livro, contando um pouco do que sei, vivi e estudei. No capítulo escrito por mim, o leitor vai encontrar as múltiplas funções sobre o universo teatral e também breve contos sobre música, canto, teatro, dança e literatura”, garantiu Andrade.
Durante toda a semana, serão apresentados vários espetáculos no palco do Teatro Deodoro. A programação em comemoração do centenário é extensa e você confere logo abaixo. Vá ao teatro!
Dia 17, quarta-feira, será apresentada a peça “Patinho Feio”. Os ingressos custam de R$ 10 a R$ 20;
Dia 18, quinta-feira, terá o show de abertura “A Parte do Índio Perí – Uma homenagem aos Mestres Verdelinho e Vitória”. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudante).
Dia 19, sexta-feira, será a vez da peça Meu Pé de Fulô, que acontece na Praça Deodoro, às 17h30. Uma obra da Cia. Da Meia Noite. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudante). Às 19h, do mesmo dia, no Teatro Deodoro, haverá a entrega da Comenda Mérito dos Palmares, com a apresentação do espetáculo afro: “Oní Xé a Awuré”, de Edu passos. Só para convidados.
Dia 20, sábado, o espetáculo “Lua Cambará” tomará conta do palco do Teatro Deodoro, com apresentação marcada para às 20h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudante).