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Política

Assembleia Legislativa de Alagoas homenageia Centenário de Sandoval Cajú

Atendendo a um requerimento do deputado Doutor Wanderley (MDB), aprovado por unanimidade no plenário da Casa, a Assembleia Legislativa realizou nesta segunda-feira, 11, uma sessão solene em homenagem ao centenário de Sandoval Ferreira Cajú. Durante a sessão, foi apresentado um trecho do documentário “Além do Conversador”, contando a trajetória do ex-prefeito de Maceió, eleito em 1960. Estiveram presentes os filhos do homenageado, Simone Cajú e Clemenceau Cajé; o presidente da Associação dos Municípios de Alagoas, Hugo Wanderley Cajú (neto do ex-prefeito); os historiadores Douglas Apratto e Geraldo Magela; a professora e autora da dissertação de mestrado na UFPE “As praças de gestão Sandoval Cajú na cidade sorriso – Maceió”, Myllena Karla Azevedo; o ex-deputado federal e professor Sérgio Moreira; o desembargador José Carlos Malta Marques; o médico Emanuel Fortes; além de professores, familiares e amigos do homenageado.

O deputado Doutor Wanderley, genro de Sandoval Cajú, disse que o homenageado é considerado o eterno prefeito da cidade de Maceió, capital do Estado de Alagoas, tendo administrado o município de forma inovadora na gestão pública, organizando o orçamento e as finanças públicas, além de deixar sua marca na história com a realização de grandes investimentos urbanísticos. “Sandoval foi um marco na história política e administrativa de Maceió. Foi ele quem transformou essa cidade moderna e com intervenções importantes do ponto de vista urbanístico e de qualidade de vida. A mensagem dele ainda hoje se faz presente entre os maceioenses e alagoanos”, destacou.

O professor Sérgio Moreira ratificou a importância da homenagem feita pela Assembleia Legislativa e o legado deixado por Sandoval Cajú. “Espero que outras homenagens aconteçam devido ao tamanho e a marca que Sandoval deixou aqui em Maceió. Um prefeito revolucionário para o seu tempo e que sabia como ninguém se comunicar com a população. Ele foi o primeiro político em Alagoas a se eleger sem nenhuma estrutura financeira e sem apoio político. Sempre vislumbrou o bem-estar da população e conseguiu fazer isso por meio de obras públicas com uma revolução estética para a ocasião, como a construção e recuperação de dezenas de praças, desde a Centenário, a maior delas, até a Praça Pingo D’Água, a menor”, disse.

O historiador Geraldo Magella lembrou que Sandoval Cajú foi um prefeito que governou a cidade de Maceió na adversidade política e, mesmo assim, conseguiu administrar numa relação direta com a população. “Ele fala diretamente com o povo e suas obras eram significativas para o lazer dos maceioenses, a exemplo das dezenas de praças. Sandoval ainda resgatou diversos símbolos da nossa cultura, como o Moleque Namorador, que leva o nome de uma de suas obras. Enquanto prefeito, também construiu lavanderias públicas, obra de grande importância social na época, já que nos bairros periféricos ainda não existia água encanada. Essa homenagem é mais que justa, faltando ainda a Câmara Municipal de Maceió fazer homenagem como esta e, simbolicamente, realizar a restituição de seu mandato, cassado pela ditadura militar”, concluiu.

O filho do homenageado, Clemenceau Cajú, fez questão de agradecer ao deputado Doutor Wanderley e ao presidente da Casa, deputado Marcelo Victor, pela realização da sessão e falou do legado deixado pelo seu pai. “Desde garoto sempre ouvia falar de sua importância para Maceió e de suas obras para o social e a população maceioense. Sinto muito orgulho de quem foi meu pai, dentro de casa e na política. Um homem alegre, comunicativo, extrovertido e querido por toda a população de nossa capital. Sandoval teve ideias revolucionárias para a época e conquistou o coração dos maceioenses”, ressaltou.

Sandoval Caju

Sandoval Ferreira Cajú nasceu em 16 de novembro de 1923, na cidade de Bonito de Santa Fé, na Paraíba, filho do tabelião José Ferreira Cajú e Dona Tamires Ferreira Guarita. Veio a Maceió visitar parentes e, por arranjo do destino, ali permaneceu até seu falecimento. Fez o curso ginasial no Colégio Guido de Fontgalland, diplomando-se contador pela Escola Técnica de Comércio e bacharelando-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas. Com votação histórica ganhou em todas as urnas, foi eleito prefeito de Maceió em 1960, tomando posse a 1º de fevereiro de 1961.

Durante o curso de sua gestão à frente da Prefeitura de Maceió, não houve qualquer aumento de impostos ou taxas municipais; não recebeu da municipalidade nenhum subsídio ou ajuda financeira dos governos federal e estadual; não contraiu empréstimos de bancos ou agiotas; entretanto, saldou todos os débitos herdados das administrações anteriores; equipou o Hospital de Pronto Socorro (então municipal) com ambulâncias, aparelhos e materiais cirúrgicos e medicamentos (inexistentes); adquiriu duas frotas de caminhões e ferramentas para o trabalho de reconstrução e construção de prédios públicos na cidade e distritos do município.

Em sua administração, ao longo de três breves anos, construiu 36 praças; reconstruiu 22 existentes; construiu uma maternidade no Jacintinho; Grupo Escolar, em Rio Novo; o prédio da sede da Prefeitura (na Av. Pedro Monteiro); além de milhares de metros quadrados de pavimentação por paralelepípedos. Pagou sempre em dia os vencimentos do pessoal da Prefeitura e Câmara de Vereadores; não demitiu um só servidor do município e não deixou débitos ao sucessor. Com o golpe civil-militar de abril de 1964, Sandoval Cajú foi cassado e deixou a Prefeitura no dia 8 de abril daquele ano. Seus direitos políticos somente forram restabelecidos em janeiro de 1979. Sandoval faleceu no dia 23 de maio de 1994, aos 70 anos. Hoje é reconhecido como o Eterno Prefeito de Maceió.