A sessão de hoje (29) da Câmara Municipal de Maceió foi marcada por protestos dos vereadores, em função do crime hediondo, ocorrido no último sábado, no Corredor Vera Arruda, no bairro Stella Maris, que vitimou o médico José Alfredo Vasco Tenório, de 67 anos.
O presidente da Câmara, vereador Galba Novaes (PRB) repercutiu as declarações do governador Teotônio Vilela na imprensa. “Teotônio disse que o crime hediondo ocorreu no Corredor Vera Arruda apesar dos esforços do governo na área de segurança, que tinha 40 viaturas e agora tem mais de 400”
“O governador admitiu a derrota para o crime na imprensa, mas quis justificar as ações de governo no combate à violência. Eu pergunto onde estão as 400 viaturas? Se elas existem, não há contingente policial para dirigir os veículos. Se o governo colocar essas 400 viaturas numa cidade como Maceió, a cada cinco minutos veríamos um carro policial passando. Estamos cegos? Esse governo não entende nada de ação de segurança”, protestou Novaes.
O vereador Marcelo Malta (PCdoB) utilizou a tribuna para criticar a falta de segurança no Corredor Vera Arruda. “Qual outra construção, além do corredor Vera Arruda, existe no bairro Stella Maris? Trata-se de um espaço privilegiado urbano, de grande valia para a humanização do bairro. Um espaço de lazer, numa área onde os edifícios se proliferam, hoje é identificado como espaço de crime, assassinatos, assaltos e tráfico de drogas. É um espaço que tinha um posto policial e foi desativado. Isso é um crime”, indignou-se.
O vereador Oscar de Melo (PP) declarou que o que aconteceu no último fim de semana foi um absurdo. Segundo ele, a banalização da violência chegou ao ponto, que precisou acontecer o assassinato de um membro da sociedade como o do médico José Alfredo, para a sociedade se mobilizar. “Em Alagoas, 17 mil pessoas foram assassinadas no ano passado. São números de uma guerra civil. O que houve com o Dr. Vasco foi um crime cruel de pura maldade. Infelizmente, mais um homicídio nas estatísticas do Estado, que tem mais de 20 assassinatos nos fins de semana”, frisou Oscar de Melo.
Ele acrescentou que hoje os jovens são assassinados na periferia e viram estatísticas. “A sociedade se acostumou. Que não percamos nosso discernimento de protestar contra a violência desenfreada que assola Alagoas. Essa discussão tem que ser feita de forma muito mais ampla”, completou Oscar de Melo.
O vereador Marcelo Gouveia (PRB) disse que mora nas imediações do Corredor Vera Arruda e que assiste constantemente a prostituição e o tráfico de drogas naquele local. “Meu filho não poderá mais andar de bicicleta no Corredor Vera Arruda. Não podemos ficar calados diante de uma situação dessas”, disparou.
A vereadora Heloisa Helena (Psol) declarou que encontrou os filhos e a viúva do médico assassinado, ontem, durante a inspeção realizada por uma comissão de vereadores nas agências bancárias. “Sabe o que ouvimos dos filhos da vítima? “Que pena que precisou ser o meu pai assassinado para a sociedade se mobilizar”. Precisamos buscar a responsabilidade do governo estadual e federal. A grandeza pessoal e espiritual da família do Dr. Alfredo nos deixou comovidos”, contou.
O vereador Théo Fortes (PTdoB) disse que esse sentimento de impotência diante de tanta violência deixa a todos doentes. “Temos vários exemplos de crimes hediondos contra cidadãos alagoanos em Maceió. O que falta a esse governo é vergonha na cara”.
O vereador João Luiz (Dem) afirmou que há 20 anos, quando Ronaldo Lessa era prefeito de Maceió, havia uma estimativa de 30 mil crianças fora das salas de aula. “Naquela época, eu e o vereador Givaldo Carimbão, hoje deputado federal, dizíamos que essas crianças se transformariam em bandidos no futuro. O que estamos sofrendo hoje é o resultado da inércia dos governos, em não priorizar a educação”, salientou.
O vereador Ricardo Barbosa (PT) afirmou que é hora de se dar um basta. Segundo ele, alguma iniciativa, seja ela qual for com medidas concretas, precisa ser tomada. “Esse crime nos chocou pela futilidade, do furto de uma bicicleta, e a covardia de um tiro nas costas. Isso numa área nobre, próximo a casa de muitos de nós, onde nossos filhos freqüentam. É impossível continuar convivendo com essa situação de violência em Maceió. Chega de discurso. Precisamos de ações concretas”, colocou.
