A eleição, em parte, é uma feira disfarçada de prostituição da consciência em que as duas partes envolvidas, por ignorância do valor do voto, por indiferença ou por ganância pelo dinheiro, sorrateiramente negociam o destino da cidade. Assim como a ação letal dos vírus e bactérias, invisíveis a olho nu, a consciência venal é o ponto de partida de um processo infeccioso que destrói o tecido sadio da sociedade.
Felizmente, era imprescindível, surgiu uma mudança que porá algum freio nesse costume timbrado pela promiscuidade. Os elevados custos de financiamento das eleições estimula os ilícitos à legislação eleitoral, que por sua vez descaracteriza a legítima finalidade de um pleito. Era preciso que se desse um basta a essa deplorável imagem e o remédio para esse fim foi o grande aperto na torneira dos gastos, seguramente benéfico, causando uma redução no tamanho da feira acima, permitindo uma maior igualdade de condições entre os carentes de recursos e os que, pelo exercício de suas funções, têm condições de arrecadar grandes somas.
Não há dúvida que uma eleição requer uma mínimo indispensável para arcar com despesas relativas a impressão de material para a promoção do candidato e a divulgação, em linhas gerais, de suas metas de governo. Isso porque nem sempre o dinheiro é garantia de vitória se o candidato não transmite credibilidade. Não se necessita de tanto quando se é sincero para convencer da verdade. Em sentido contrário, precisa-se de muito dinheiro para corromper e transformar a mentira em verdade. É bem mais certo o triunfo pela arte da persuasão e convencimento do que pela compra de favores, transação bem duvidosa, vez que envolve a velhacaria dos dois lados.
Na presente eleição para prefeito de Penedo temos quatro candidatos. Um número aceitável porque dará ao eleitor o direito de uma múltipla escolha. Ao eleitor esclarecido e observador, no entanto, logo percebe que os quatro resumem-se a dois. Isso porque o Zé Alves não passa apenas de um número ou uma provável estratégia para beneficiar algum candidato. Quanto a Ivana Toledo, empresária sem patrimônio, ou empresária do vento, vê-se que não bastasse partir do absurdo, claramente se trata de um disfarce, encontrando-se por trás a figura de triste memória que só pensando na subida dos degraus da política, não teve o menor respeito ao eleitor que o elegeu, ignorando Penedo. Sem condições de se mostrar, Alexandre Toledo faz da mulher sua representante, que seria símbolo de retrocesso, se eleita fosse. Sobram, como sempre, dois, isto é, o atual prefeito Marcius Beltrão que para alguns merece crédito para um novo mandato, e Raimundo que no entendimento de outros, por ser legítimo penedense, representa a verdadeira mudança que Penedo reclama.
Assim como franciscano é o pleito em andamento, quiçá pelas circunstâncias embebido nas virtudes de São Francisco, vamos encerrar fraseando-o quando se dirigiu a seus seguidores para que continuassem na fé. Não queremos que os nossos candidatos a prefeito troquem o evangelho da moralidade política voltada para o bem da cidade, pela indigna e mesquinha politicagem. É melhor firmar sua candidatura na franqueza para merecer o respeito e admiração, a fazer promessas demagógicas, claro sinal dos fiéis seguidores da corrupção. Quem deseja espelhar-se na verdadeira política deve ser consumido por um fogo intimo que o leva a acreditar que ela é o único caminho, no mais amplo sentido, para o desenvolvimento de uma sociedade. E isso só será possível se houver um verdadeiro congraçamento de interesse entre eleitor e candidato em prol do bem da nossa cidade.
É exatamente o que esperamos, que as virtudes da pobreza franciscana façam brotar a grandeza moral.