×

Cultura

As contradições e o amor de Dirceu Lindoso por Alagoas

O escritor Dirceu Lindoso será homenageado nesta sexta-feira pela Ufal com o título de Doutor Honoris Causa

O escritor Dirceu Lindoso será homenageado nesta sexta-feira (1º) com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), como reconhecimento público da importância de sua obra literária, histórica e antropológica – condensada em mais de 10 livros -, além de dezenas de artigos, documentos e ensaios. Textos que, em sua maioria, trazem histórias sobre Alagoas e suas contradições. Um Estado desconhecido, de contratempos e contrastes.

“Alagoas para mim é um largo e belo poema de afeto, desafeto e amor”. É assim que este historiador alagoano, de 78 anos, define o lugar onde vive. Dirceu Lindoso costuma falar que Alagoas nasceu das diferenças.

Na sua trajetória como escritor, traz na bagagem a autoria de 14 livros, onde mergulha no fascinante mundo das guerras por território, no surgimento de uma nova terra e no caminho percorrido para transformar-se no que é hoje: Alagoas.

“Alagoas é, geograficamente, poético. É o que desejamos e temos. Pode não satisfazer o gosto de cada um, mas satisfaz o gosto de todos nós. E somos assim, terrivelmente contraditórios”, diz, entre risadas.

Toda sabedoria do historiador provém das histórias de seu avô, dos seus estudos e da busca por conhecer o que ele mesmo determina como “desconhecido”. E essa sabedoria está exposta em seus livros. Com tantas obras no currículo, Dirceu Lindoso conhece bem as artimanhas da literatura. “Escrever é um ato de coragem. O homem que escreve tem a coragem de dizer”. E Dirceu diz. Fala com facilidade e encanto sobre sua terra natal, sobre os conflitos enfrentados por uma Alagoas desconhecida, sobre as diferenças sociais e a dificuldade de se ter cultura em um Estado onde os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres.

Nascido em Maragogi, ele conta as histórias da formação das terras caetés como se estivesse lá, como uma testemunha ocular. Eis aí sua vocação para contar as histórias de Alagoas. Ex-aluno do Colégio Batista, de Recife, e do Colégio Estadual de Alagoas, Dirceu aprendeu diversas línguas, e em 1981, escreveu sua primeira produção literária, o romance Povoa Mundo, que ganhou o Prêmio Nacional José Lins do Rego.

A partir daí, publicou ensaios e poesias. “O verdadeiro escritor sabe trabalhar a língua para nela escrever. Escrever é encontrar seu jeito de dizer”, afirma Dirceu. Depois, seguiram-se obras que descrevem com riqueza de detalhes as mais fantásticas histórias de Alagoas, ao modo Dirceu de interpretar.