Área localizada na principal avenida da cidade foi escolhida para dar visibilidade ao seu trabalho
Os gênios, os artistas são incompreensíveis. Suas mentes e dons indesvendáveis. Na música, Beethoven compôs algumas de suas grandes obras já em avançado estado de surdez. Nas artes plásticas, Cândido Portinari desobedeceu ordens médicas e morreu envenenado pelas tintas que o ajudaram a lhes dar reconhecimento pelo mundo. O chumbo que continha nas tintas acabou por intoxicá-lo.
O que esses dois possuem em comum com José Cícero Lessa da Costa, 37 anos? O amor pela arte e a incompreensibilidade. O artista plástico e escultor naturalizado penedense largou tudo, família, emprego e filhos para fazer o que ama, mostrar o dom que Deus lhe proporcionou, como ele próprio define.
“Trabalhei em São Paulo em transportadora, carregando caminhões para entrega. Lá já pintava, mas só aos finais de semana e minha esposa reclamava, não gostava. Então, larguei tudo e voltei para Penedo. Aqui posso trabalhar com calma e mostrar a todos o dom que ganhei de Deus. “
José Cícero não gosta de viver sob pressão e não se preocupa com o tempo. Religiosamente, todas as manhãs toma banho no Rio São Francisco. “Todo artista não gosta de viver sob pressão. Outro dia peguei umas oito esculturas e umas telas, juntei tudo no quintal e toquei fogo. Tive raiva e destruí tudo. Não sei explicar o inexplicável”, observou o artista enquanto pincelava outro trabalho.
Simplicidade e amor pela arte
Todos os dias José Cícero expõe suas telas ao ar livre na Praça Clementino do Monte, na movimentada Avenida Getúlio Vargas, local que se apropriou e transformou em ateliê.
“Gosto do local, da sombra das árvores. Em casa fico escondido. Aqui na praça todos estão olhando e conhecendo meu trabalho, tenho visibilidade. Recebo pessoas, converso. Só não venho aqui quando chove muito, aí vou pintar na casa de uma amiga, que também gosta de pintar”, contou José Cícero.
O artista garante que seu trabalho é por amor, não pensa unicamente no lado financeiro. O preço de uma tela, só quem for comprar e negociar com ele vai saber. E o interessado em adquirir, não vai sair sem levar um dos seus quatros para casa.
“Tudo que faço é por amor. Gosto de pintar, esculpir e mostrar minha arte retratando Penedo. Não estou preocupado com dinheiro. Não pinto unicamente visando o lado econômico. A pintura para mim também é prazer. Tudo que faço é com amor e respeito ao dom que recebi de Deus”, encerrou José Cícero Lessa da Costa, 37 anos.
O artista se apropriou da Praça Clementino do Monte, local que transformou em galeria e ateliê. Nos últimos três meses, de domingo a domingo, passou a frequentar o local como forma de dar visibilidade aos seus trabalhos. Já tentou na Secretaria de Cultura de Penedo um local para trabalhar e mostrar suas pinturas, não recebeu apoio. Disse ainda que pretendo expor no hall do centenário Theatro Sete de Setembro.
Enquanto nada disso acontece, Cícero Lessa vai continuar na praça que é do povo, na praça antro de liberdade.
