O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) recebeu representantes da Associação Brasileira das Autoescolas (Abrauto) e de entidades estaduais do setor para discutir mudanças na formação de condutores no Brasil. O encontro, porém, foi marcado pela defesa do modelo atual, que mantém os altos custos para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que gira em torno de R$ 4 mil em muitos estados.
Enquanto o governo federal avalia flexibilizar o processo de habilitação e permitir que instrutores autônomos credenciados ofereçam aulas práticas e teóricas a valores mais acessíveis, Lira abriu espaço para o lobby das autoescolas, que tentam barrar qualquer alteração no formato vigente. As entidades alegam que a mudança colocaria em risco a segurança no trânsito, argumento visto por críticos como uma tentativa de preservar um mercado altamente lucrativo, mesmo à custa da exclusão de milhares de brasileiros que não conseguem pagar pelos cursos obrigatórios.
A Abrauto publicou nas redes sociais que “segue firme na luta pelos CFCs e pela segurança no trânsito”, mensagem interpretada como um recado direto contra as propostas de democratização do acesso à habilitação. Já interlocutores em Brasília afirmam que o apoio de Arthur Lira ao setor reforça a influência de grupos econômicos organizados sobre o Legislativo, em detrimento de pautas de interesse social.
Para especialistas, a manutenção do atual modelo perpetua a desigualdade e impede que jovens e trabalhadores de baixa renda tenham acesso ao direito de dirigir — essencial em muitas regiões para o deslocamento e o exercício profissional. O tema deve continuar em discussão nas próximas semanas, mas o posicionamento de Lira já sinaliza resistência dentro do Congresso às mudanças que poderiam baratear e democratizar o acesso à CNH, um passo importante para a inclusão social e mobilidade no país.
