De 16 de abril a 23 de maio, a mostra Boa-noite: Bordado da Ilha do Ferro estará aberta à visitação na Sala do Artista Popular do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), no Rio de Janeiro.
A exposição oferece ao público a oportunidade de conhecer e adquirir artigos ornamentados com o tradicional trabalho feito por artesãs desse povoado do município de Pão de Açúcar, no estado de Alagoas.
De mesmo nome da flor nativa boa-noite, a técnica – aprendida pelas mulheres, ainda crianças, com mães, tias e avós – é um exemplo de bem cultural do patrimônio imaterial brasileiro, transmitido de geração em geração.
Juntamente com a pesca e atividades agrícolas, o artesanato dá sustentação econômica às famílias que vivem na Ilha do Ferro, onde além do bordado, produzido tradicionalmente por mulheres, esculturas e móveis em madeira feitos pelos homens da comunidade também são elementos da identidade local e fonte de renda.
Técnica Tradicional
No povoado, a arte de bordar integra o cotidiano das mulheres, que a praticam em casa, entre os afazeres domésticos, ou em grupos de artesãs de todas as idades, reunidas na cooperativa Art-Ilha. Fundada em 1994, a associação é a maior responsável pela produção e comercialização de artigos de cama, mesa e banho que apresentam ricos detalhes feitos com o bordado.
Para o trabalho, as artistas populares utilizam bastidor, agulha, linha, tesoura e tecido – geralmente o linho puro ou a cambraia. O primeiro passo consiste em prender o pedaço de pano esticado no bastidor, de maneira que fique sem nenhuma nervura, permitindo a base necessária para começar a bordar. Em seguida, o tecido é desfiado, num trabalho minucioso, com a ajuda de agulha e sem nenhuma marcação.
O linho e a cambraia permitem maior precisão na abertura de pequenos espaços circulares, obtidos com o desfiar e onde se desenvolverão os pontos: o boa-noite simples, com uma linha no contorno; o boa-noite flor, com duas linhas no contorno; o boa-noite cheio, totalmente preenchido pela linha; e o boa-noite variado, que mantém um pequeno círculo no centro.
Promoart
A exposição faz parte do Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), ação que integra o Programa Mais Cultura. A iniciativa é realizada pela Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), por meio de convênio firmado com o Ministério da Cultura, que conta com a gestão conceitual e metodológica direta do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e com a parceria institucional e apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).