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Cultura

Artesanato alagoano é destaque em Pernambuco

Artesanato alagoano é destaque em Pernambuco

Um coqueiro cenográfico com tronco de cipó e folhas com bordados de Filé chamava a atenção dos visitantes para o estande de Alagoas na XIII Fenearte, encerrada neste domingo (15), no Centro de Convenções de Olinda, em Pernambuco. Com um faturamento de aproximadamente R$ 100 mil, os artesãos alagoanos e suas peças foram destaques entre as representações estaduais, no setor dedicado ao Programa do Artesanato Brasileiro (PAB).

“É com grande satisfação como gestor e imenso orgulho como alagoano, que recebo a notícia do sucesso do artesanato de Alagoas nesta que é considerada maior feira do setor no Brasil. É para isso que a nossa equipe de Design e Artesanato trabalha: fortalecer e promover os artesãos do nosso Estado”, destaca o secretário do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico, Luiz Otavio Gomes.

Uma equipe da Seplande acompanha, desde o dia 6 de julho, uma dezena de artesãos que foram a Pernambuco representar Alagoas. Além dos bordados, com destaque para o Filé, peças em madeira, cerâmica, palha e tecido ficaram expostos durante todo o evento, com venda direta ao público e também sob encomenda para os lojistas de todo o Brasil.

“Além de vender as peças trazidas exclusivamente para comercialização, os artesãos participam das rodadas de negócios, que possibilitam o escoamento da produção futura”, garante a diretora de Design e Artesanato da Seplande, que coordena o PAB em Alagoas.

Para Lúcia Muniz, artesã de Maceió, é uma oportunidade a mais para conhecer o trabalho executado em outros Estados, numa troca de informações que só enriquecem o trabalho local. “Nossa arte é tipicamente alagoana, mas precisamos entrar em contato com o que se faz em outras partes do Brasil e do mundo para tornar o nosso produto cada vez mais aceito pelos consumidores”, diz a artesã, que trabalha com crochê, pintura e peças de mosaico.

A Fenearte existe há treze anos com o propósito gerar resultados práticos para quem vive de artesanato no Brasil, já que representa um ponto de encontro estratégico entre os interessados em vender e aqueles que desejam comprar os mais variados produtos expostos. “Participo da Fenearte há dez anos e posso afirmar que, a cada ano, o evento só melhora. Não só a infraestrutura da feira, mas a participação de Alagoas, com produtos cada vez mais aceitos pelos lojistas e pelo público”, afirma a gerente de Artesanato da Seplande, Aparecida Nunes.

Além de Maceió, artesãos de Marechal Deodoro, Boca da Mata, Coruripe e Feliz Deserto estavam representados na Fenearte. Com peças que misturam recortes de tecido e uma delicada trama em bordado, as artesãs da Casa da Mãezinha, em Boca da Mata, dividiram a atenção dos fãs do tradicional Filé, bordado típico de Alagoas.

“Representamos um número grande de artesãs do nosso município, por isso dá orgulho de ver a aceitação das pessoas. Está sendo maravilhoso, mais uma vez, trazer o produto típico do artesanato de Boca da Mata para mais uma feira de alcance nacional”, afirma Edneuza Teixeira, na sua sétima participação em eventos deste porte.

A artesã Edilene Xavier, de Marechal Deodoro, demonstrar aos visitantes da Fenearte a prática de bordar o Filé é uma oportunidade única de dar visibilidade ao seu ofício. “É gratificante ver alguém que nunca pode apreciar nosso trabalho de perto, sair maravilhado com a técnica”, diz.

Para a diretora Sonia Normande, tudo isso faz de Alagoas um Estado único em matéria de diversidade no artesanato. “Nossos bordados são sinônimos de beleza e de bom acabamento. Além disso, nos últimos anos, avançamos no quesito design e despontamos com peças em palha, como o ouricuri, a taboa, a titara e as fibras do coqueiro e da bananeira”, pontua Sonia Normande.

Para a universitária pernambucana Juélicy Barbosa, Alagoas era conhecida em Recife como a “terra do Filé”, mas hoje em dia é a terra do artesanato diversificado. “A simplicidade das peças, principalmente em relação aos materiais usados, destaca ainda mais a riqueza cultural que elas representam. Por isso fotografo tudo aqui no estande, pela beleza e pelo colorido surpreendentes”, revela.

Visibilidade

A participação em feiras é estratégica e confere ao artesanato de Alagoas uma visibilidade além das nossas fronteiras. Além da concentração de público, as feiras apresentam uma potencialidade de venda, direta e indireta, que agrega publicidade direcionada e promoção de produtos para públicos específicos, como lojistas, decoradores, arquitetos e curadores do Brasil e do exterior.

“Permite também uma visão ampla do mercado, já que reúnem o que existe de melhor no setor, possibilitando ao artesão participante analisar as tendências e trocar experiências com matérias-primas e técnicas utilizadas por outros Estados”, analisa a gerente Aparecida Nunes.

A Diretoria de Design e Artesanato da Seplande coordena as ações do Programa do Artesanato Brasileiro em Alagoas e atua diretamente junto ao artesão, possibilitando o cadastramento (através da carteira do artesão), fomentando sua produção e facilitando sua inserção no mercado.

“Temos um mapeamento completo da distribuição dos artesãos e seus produtos em todo o Estado, dessa forma podemos auxiliar e apoiar todas as ações ligadas ao setor, inclusive facilitando a participação em feiras e eventos similares em todo o Brasil”, afirma Sonia Normande.

O apoio das esferas governamentais é fundamental, já que o artesanato representa hoje uma importante fonte de trabalho e renda para cerca de 8,5 milhões de pessoas no país, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e milhares de família em Alagoas, principalmente no interior do Estado.

Além da manutenção de autênticas manifestações culturais, a prática do artesanato fomenta a melhoria dos níveis de cultura e profissionalização dos artesãos, que culmina com a elevação do poder econômico das famílias envolvidas com o setor. “A finalidade dos programas de estímulo ao artesanato é muito clara: consolidar o setor, a partir da coordenação e do desenvolvimento de atividades que visam valorizar o artesão e seus produtos”, esclarece a diretora.

Nesse sentido, o PAB desenvolve ações voltadas à geração de novas oportunidades, aproveitamento das vocações regionais, preservação da cultura local, além e principalmente a formação de uma mentalidade empreendedora, que capacite o artesão para o mercado competitivo. “Esse é nosso maior desafio, promover a profissionalização e a comercialização dos produtos sem perder de vista sua autenticidade, originalidade e tradição”, conclui Sonia Normande.