Um território não se constrói apenas com ações governamentais. O olhar e a participação da população são essenciais para o desenvolvimento das cidades. No momento em que Aracaju completa 168 anos, a Prefeitura Municipal, a partir de políticas públicas minuciosamente estruturadas em atenção às necessidades da população, garante mais dignidade e reforça os laços comunitários da sua gente, que tem a possibilidade de expandir horizontes à medida que a cidade se transforma.
Dentro desta perspectiva está, por exemplo, as melhorias promovidas pela gestão municipal nas unidades escolares da rede. Somente neste ano, a Prefeitura de Aracaju abriu mais 3.400 novas vagas a partir da ampliação e construção de escolas, a exemplo da Emei Ana Luíza Mesquita, no bairro José Conrado de Araújo, onde o filho mais novo de Katleen Idália dos Santos, de 32 anos, estuda. Com 1 ano e 4 meses, o pequeno tem paralisia cerebral e conta com o suporte da escola para evoluir o aprendizado.
“Na escola, ele ainda conta com Sala de Recurso e me sinto tranquila por deixa-lo aos cuidados dos professores, não fico angustiada me perguntando se estão cuidando bem dele ou não. Aqui [na Emei], não me preocupo com a alimentação dele, as meninas cuidam muito bem, e ele tem cuidador, tudo direitinho. Além disso, percebo que ele está aprendendo, o que me tranquiliza ainda mais”, conta Katleen.
Para ela, que tem um outro filho, mais velho, com a estrutura que conta nas escolas é possível vislumbrar um futuro melhor, porque, conforme ressaltou, hoje dispõe do acesso a creches. “Isso melhorou bastante e está quebrando o galho de muitas mães. As professoras estão sempre acompanhando para observar alguma dificuldade e conversar com as mães, para a gente ficar mais atento. Então, consigo pensar em dias melhores”.
É também no ambiente escolar, onde se criam as bases do saber, que a gestão municipal desenvolve o Projeto Florir, voltado à garantia da dignidade menstrual, ação que contempla milhares de alunas da rede municipal de ensino, como Adenilza Calixto Santos, de 38 anos, que cursa a Educação de Jovens de Adultos (EJA) na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor Diomedes Santos Silva.
“Eu vi a campanha na televisão, e aí eu procurei me informar. É uma ajuda significativa, não só para mim, mas para todas que fazem parte do projeto. Porque muita vezes não temos dinheiro para comprar absorvente, e algo assim é fundamental para todas as pessoas que menstruam. E eu gostei muito do absorvente, de qualidade”, pontua a aluna.
Laços comunitários
Em Aracaju, desde 2017, a Prefeitura de Aracaju estrutura e mantém Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs), uma iniciativa da Defesa Civil municipal que tem como principal finalidade formar e qualificar moradores de comunidades localizadas em áreas de risco, para que atuem como parceiros da gestão municipal no mapeamento e monitoramento de questões que possam colocar em perigo a vida das pessoas. Atualmente, a capital sergipana já conta com dez Nupdecs que, inclusive, se tornaram modelo para construção de núcleos pelo Brasil.
José Guedes, coordenador do Nupdec do bairro Jabotiana, morador do conjunto JK desde 1982, conta que, logo que chegou a Aracaju, por volta de 1977, presenciou, pela primeira vez, um transbordamento do rio Poxim. “Tivemos que tirar uma senhora de 85 anos acamada de dentro de casa”, relembra.
“Quando vi a oportunidade de participar do grupo, logo ingressei. Faz cinco anos que começamos o trabalho na comunidade, a partir do Nupdec. Com certeza, depois do Nupdec as coisas em relação aos impactos provocados pelas inundações, em relação às águas do Rio Poxim, melhoraram consideravelmente. Hoje temos três alarmes instalados no rio, e quando o nível da água atinge aquele ponto crucial a sirene começa a alarmar e as pessoas são avisadas antecipadamente, para fazer a remoção. A Defesa Civil, junto ao núcleo, age imediatamente, a fim de que essas pessoas sejam removidas e que não traga nenhum dano, nem material, nem pessoal, para essa comunidade”, relata José.
Segundo ele, “é muito importante” esse engajamento do município com as comunidades, “porque tem pessoas que fazem o link, o elo entre a Defesa Civil e a comunidade, por meio do Nupdec, a fim de que tenhamos ações mitigadoras de imediato”, frisa. “Quando a gente encontra qualquer anomalia, por exemplo, se começa a chover torrencialmente e a gente vê que o nível do rio vai subir e vai trazer impactos sociais e ambientais, entramos em contato com a Defesa Civil e são tomadas as medidas cabíveis para aquela ação, naquele momento”, aponta o coordenador do Nupdec.
No Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Lamarão, zona Norte de Aracaju, Auxiliadora França Correia, de 49 anos, dona de casa, mãe de três, encontrou orientação e diversos serviços que, inclusive, até hoje a ajudam em sua rotina familiar. No equipamento socioassistencial ela participa de encontros e ações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo.
“Considero o Cras como a minha segunda casa e a equipe de lá como a minha segunda família. Um dos meus filhos, o mais velho, frequentava comigo e chegou a participar de muitas ações e até conseguiu emprego como jovem aprendiz. Isso tudo é muito significativo para mim porque, em vários momentos, precisei de suporte e tive uma equipe que me acolheu. Todos os meus três filhos participaram das atividades do Cras. Hoje, só o mais novo, de 15 anos, continua. Para mim, é gratificante ver o quanto os profissionais são sensíveis e como eles nos tratam bem. Até as relações dentro da minha casa melhoraram, depois que começamos a frequentar o Cras. Indiquei e sigo indicando as pessoas que precisam para irem ao local”, afirma Auxiliadora.
Para além daquilo que a conduziu ao Cras, ela conta, ainda, que vê os benefícios em outras situações. “Já vi criança que estava na rua sendo encaminhada para o Cras e lá tomarem um rumo melhor na vida por que voltaram a estudar, e isso é muito bom acompanhar. Me sinto cuidada, de fato”, releva Dôra, como é conhecida no Centro de Referência.