Monique e a cadeira de rodas: agora só lembranças de uma época
A atleta holandesa Monique van der Vorst, afirma que vive, hoje, a sua terceira vida. Ex-atleta paraolímpica, aos 26 anos, ela passou neste ano de 2010, o que muitos diriam que é impossível: voltar a andar depois de mais de dez anos, quando inclusive, médicos afirmavam categóricamente como irreversível uma paralisia em ambas as pernas.
Essa emocionante história de superação da atleta começou há 13 anos, quando ela, sonhando em ser uma competidora profissional, torceu o tornozelo jogando hóquei.
Logo depois de um erro médico, uma simples lesão resultou, primeiro, na paralisia da perna esquerda e um ano depois na da direita. “Na época, vi que depois da consulta minha perna ficou roxa e fria. Dias depois parou de fazer qualquer movimento, e nenhum médico conseguiu me explicar o motivo”, disse a holandesa.
Depois de passar por uma profunda depressão, tentando se adaptar a nova vida, Monique conheceu o esporte paraolímpico, mais precisamente as corridas de cadeira de rodas e o handcycle (corrida de bicicleta onde se pedala com as mãos).
“Na época, o esporte me devolveu autoestima e consequentemente, a vontade de continuar vivendo. Aprendi a pensar em possibilidades e não em limitações”, disse ela.
Com o passar dos treinos, nos quais se dedicava intensamente, a holandesa conseguiu atingir um de seus principais objetivos: conquistar uma medalha nos Jogos Paraolímpicos de Pequim-2008. A atleta foi prata em duas modalidades, sendo que no handcyle o ouro não foi conquistado na prova de 40km de estrada por apenas 0,13s.
Seguindo na sua luta incansável e mostrando muita superação, Monique também foi destaque do Ironman 2009 no Havaí, como uma das poucas atletas da modalidade paraolímpica a completar a prova. Vale-se frizar que o Ironman do Havaí é uma das provas mais difíceis do mundo e consiste em um triatlo de 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida (equivalente a uma maratona).
Um milagre?
Recentemente, dois acidentes mudaram por completo, a vida da atleta. Um primeiro em março deste ano, quando estava treinando e uma companheira se chocou contra ela. O impacto a fez cair no chão e, surpreendentemente, as pernas reagiram com espasmos.
“No começo fiquei muito triste com o acidente porque minha preparação para a temporada tinha sido afetada e temia não poder estar bem nos Jogos de Londres”, revelou a ex-atleta.
O outro acidente ocorreu em junho e resultou em um momento único na vida de Monique. Durante o treino, ela foi atingida por um carro e sofreu danos na medula espinhal. Neste momento, as pernas voltaram a formigar e em poucos dias ela já podia senti-las.
Naquele importante e emocionante momento, ter a possibilidade de voltar a andar foi um enorme choque.”Não foi fácil para ela abandonar a possibilidade competir nos Jogos Paraolímpicos. Tivemos que apoia-la muito para fazer esta transição”, disse André Gatos, chefe da missão paraolímpica da Holanda.
Os resultados dos exames foram tão fora do comum, que todos os médicos que cuidavam de Monique ficaram surpresos com o novo quadro.
No meio desse ano, mais precisamente em julho, ela começou a fazer fisioterapia e em dezembro a ex-atleta se emocionou por poder dar seus primeiros passos nesta nova vida. “Competir foi uma grande paixão. Nesta nova fase da vida, segundo ela, a terceira, um novo objetivo será cumprido: “Seria um sonho poder participar do Ironman, mas desta vez como uma atleta comum”, finalizou.
