Penedo completa nesta segunda-feira 374 anos de elevação do então povoado para a condição de vila. Passados pouco mais de dois séculos, os colonizadores reconheceram novamente a importância daquela comunidade ribeirinha. Em 18 de abril de 1842, Dom Pedro II assinava o Ato Provincial que transformou a vila em cidade. Dessa forma, Penedo foi presenteada com duas datas relativas à sua fundação, aniversários comemorados na mesma semana.
O primeiro documento foi assinado em 12 de Abril de 1636 por Filipe III, o vigésimo Rei de Portugal. Na ocasião, a Coroa oficializava a existência da comunidade ocupada por índios e piratas, portos para contrabandistas, conforme relato de navegadores lusos enviados para patrulhar o litoral brasileiro. A tentativa de afastar a pirataria do território praticamente inexplorado pelos colonizadores, apesar de passados mais de um século do desembarque da esquadra de Cabral por aqui, desencadeou o processo de ocupação do Brasil.
O historiador penedense Ernani Méro escreve na obra ‘Penedo-Templos, Ordens e Confrarias’ que “é perfeitamente lógico aceitarmos o início da fundação do Penedo em 1545”, noventa e um anos antes do reconhecimento oficial da Coroa portuguesa. A afirmação do pesquisador tem fundamento. Registros encontrados em crônicas dos franciscanos do Convento de Santo Antônio, situado em Igarassu-PE, remetem à intervenção do primeiro donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira de Albuquerque, nas margens do rio São Francisco no ano citado por Ernani Méro.
Com a morte do pai em 1554, os filhos Jorge e Duarte Coelho lideraram a primeira bandeira em direção ao sul da capitania, explorando o litoral e os cursos dos rios, especialmente o do Velho Chico. A expedição reforçou a feitoria criada para coibir o tráfico do pau-brasil, posto avançado incapaz de deter o avanço holandês. Em 1637, a então pacata Villa do Penedo do Rio São Francisco é tomada por novos conquistadores. Expulso em setembro de 1645, nem mesmo o forte Maurício Nassau resistiu à ira da população local, destruído na batalha conhecida como Openeda.
Porta de entrada e desembarque de pessoas e mercadorias diversas, a vila ribeirinha prosperou. Dezessete anos depois, o Imperador desembarca no Penedo durante expedição que realizou até as cachoeiras de Paulo Afonso-BA. Passados 150 anos, o São Francisco deixou de ser o único caminho em direção ao interior de Alagoas, a partir do Penedo. As estradas encurtaram distâncias, desviaram rotas, mudaram hábitos. Ao mesmo tempo, o rio foi convertido quase que exclusivamente para a geração de energia elétrica.
Do alto da formação rochosa que lhe inspirou o nome, a cidade chega aos 374 anos de vila e 168 anos de cidade sem festa. Perda de recursos e demissões na prefeitura estão na ordem do dia no Penedo, que em crise, não terá em 2010 festividades à altura de sua história.