O espetáculo Nyemba, da Escola Municipal Vereador Audival Amélio de Maceió, se apresentou no Teatro Jofre Soares, no Sesc – Centro de Maceió. Desenvolvida dentro do programa Mais Educação, do governo federal, a peça fez sua primeira apresentação fora do ambiente escolar, em comemoração ao Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.
Escrito pela monitora de teatro Leone Manoel, Nyemba, que significa semente, faz parte da Política Nacional de Educação Básica em Tempo Integral, que atende alunos de escolas localizadas em regiões metropolitanas com alto índice de vulnerabilidade social. A peça, que integra várias manifestações culturais afro-brasileiras, mistura dança, música e teatro em um universo de cores e gingas, estampados nos figurinos e na sutileza dos passos e sons produzidos pelos alunos do 2º ao 5º ano da escola.
A apresentação, que teve duração de aproximadamente 30 minutos, mostrou que é possível integrar as diversas modalidades artísticas em um único espetáculo, cheio de brilho e magia, mesclando o coco de roda, a capoeira e toda a ginga brasileira nas danças primitivas de origens africanas, com textos declamados pelos alunos, além do áudio de Maria Betânia no início da apresentação.
Segundo a diretora da escola, Lourinete da Silva, os estudantes que participam do projeto demonstram estar mais soltos e integrados, em termos de comportamento, no âmbito escolar. “Quanto à temática, eu gosto muito porque acredito que devemos valorizar nossas raízes e adoraria se todas as escolas pudessem fazer algo nesse aspecto”, enfatiza.
Na Escola Audival Amélio, o Programa Mais Educação atende a 122 estudantes, e fazem parte desse espetáculo 60 alunos de 7 a 13 anos. A peça, que teve sua montagem no ano passado, fez sua primeira apresentação no Dia da Consciência Negra, para os alunos da escola. Este ano, ampliou suas apresentações para o teatro. A unidade de ensino pretende inserir monitores com outras habilidades, para aperfeiçoar o trabalho que já está sendo desenvolvido.
O aluno Josivaldo Rodrigues (11), do 3º ano, toca a percussão que acompanha o espetáculo. Ele disse estar muito alegre por se apresentar e agradece aos professores por ajudá-lo a melhorar seu comportamento e a aprender a se desenvolver na música. Josivaldo, que já tocava timbau havia um ano, no boi Lobo da Noite, tem limitações em uma das mãos, o que dificulta na hora de tocar alguns ritmos no instrumento, mas isso não o impede de participar do grupo, visto que a intenção da escola é integrar todo o alunado, dando condições iguais a todos.
Segundo o professor de percussão, Joseano da Silva, a intenção é fazer, ainda este ano, uma oficina de confecção de instrumentos com sucata. A iniciativa é para mostrar que não é necessária a aquisição de instrumentos, pois é possível fazer percussões com lata, galão de água, cabo de vassoura, garrafa, entre outros objetos.