O deputado Gilvan Barros (PSDB), foi a tribuna da Assembleia, para falar sobre a negativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para implantação do Estaleiro Eisa em Alagoas. Para ele, o parecer contrário do órgão federal é motivo de preocupação não só do Executivo estadual, mas de toda Alagoas.
De acordo com Gilvan, o Estado vive um momento de angústia e decepção com a notícia do Ibama negar a concessão de licença ambiental para a instalação do Eisa. Em seu pronunciamento, o deputado fez um chamamento aos senadores, deputados, governador e a todos quantos possam contribuir na luta para que essa decisão seja revertida. “Isso não convence ninguém. Em Pernambuco, mais de 1200 hectares de mangues foram destruídos e, em Alagoas, apenas 72 hectares. O Ibama em Pernambuco foi o que, omisso, irresponsável? Qual a justifica? É querer menosprezar a inteligência do povo alagoano”, disse.
Para ele, a decisão equivocada do Instituto deixa todo mundo frustrado. “É uma deliberação mesquinha, pequena, que atende a outros interesses, que não o ambiental. Alagoas não pode permitir prejuízo dessa monta. “Não podemos frustrar as esperanças de milhares de alagoanos. Nosso Estado precisa ter alternativas, e a presidenta Dilma Roussef terá espírito cívico e repensará a decisão”, concluiu o parlamentar.
Para o deputado Inácio Loiola (PSDB) fez questão de destacar que a não vinda do Estaleiro Eisa para o Estado é a notícia mais fatídica para a história do desenvolvimento alagoano. E criticou a atuação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, quando autorizou o projeto mais criminoso da história do Nordeste brasileiro: a transposição das águas do rio São Francisco. “Lamento ainda que o Ibama tenha negado a instalação do Eisa, quando permitiu a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Essa decisão não é técnica, e sim, política. O maior sacrificado é o Estado de Alagoas”, lamentou, sugerindo à Mesa Diretora da Casa entrar com requerimento solicitando a presença, na Assembleia, dos técnicos do Instituto, para explicar os critérios adotados.
Já para o deputado João Henrique Caldas (PTN), a especulação de que haveria manobra política por trás da decisão do Instituto foi negada pela diretora nacional de licenciamento do Ibama, Deise Gama, quando de reunião com o parlamentar. Segundo João Henrique, ela garantiu que não houve interferência e que trabalha com os melhores técnicos do mundo. “É preciso, nesse momento, não achar culpados, mas pedir ajuda à bancada federal e promover a mobilização da sociedade para respaldar esse grande investimento, que será a redenção de Alagoas”, falou.
Os deputados Jeferson Morais (DEM), Ronaldo Medeiros (PT), Temóteo Correia (DEM) e Judson Cabral (PT) também usaram a tribuna para criticarem o parecer do Ibama e solidarizarem com os milhares de alagoanos fizeram cursos profissionalizantes, investindo numa carreira que pode agora não mostrar horizontes.
Empresa vai recorrer da decisão
O secretário de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico de Alagoas, Luiz Otavio Gomes, esteve reunido com o comando do Grupo Sinergy, no Rio de Janeiro, tratando da decisão do Ibama que emitiu parecer técnico negando o licenciamento ambiental para a instalação do Estaleiro Eisa em Alagoas, pretendida pelo Grupo. Após seis horas de análise das 99 páginas que compõem o parecer, ficou decidido que a empresa vai pedir a reconsideração do órgão.
“Ficamos debruçados sobre o parecer por horas, analisando profundamente item por item e os técnicos chegaram à conclusão de que a empresa pode e deve apresentar um contra-arrazoado, demonstrando a fragilidade dos argumentos apresentados pelo órgão, para que se possa efetivamente construir o estaleiro na área pretendida”, afirmou por telefone o secretário Luiz Otavio Gomes.
O pedido de reconsideração é condição fundamental para que o empreendimento seja confirmado em Alagoas, já que os empresários do grupo não concebem outro local para a construção do estaleiro. “Não há alternativas viáveis. Fazer em outro local implicaria numa intervenção muito maior na natureza, já que construir um dique de proteção no mar, essencial para desviar a corrente marítima fazendo com que as águas perdessem a força, seria danoso ao meio ambiente”, explicou.