
Dirigentes da Eletrobras em Alagoas estiveram na tarde desta segunda-feira, 9, participando de uma audiência pública convocada pela Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos sobre as constantes quedas de energia que vêm ocorrendo em Maceió e em várias cidades do interior alagoano.
Idealizador da audiência pública, o deputado Joãozinho Pereira (PSDB) considerou a reunião produtiva. Citou que o assunto foi, inicialmente, levantado pelo deputado federal Maurício Quintella (PR). “Alagoas não pode mais esperar. Alagoas precisa de uma atitude imediata. O colapso elétrico está instalado, as reclamações são diversas, a resposta tem que ser imediata; a população alagoana não pode mais pagar esse preço”, afirmou Joãozinho Pereira. Destacou ainda que as falhas apresentadas já chamaram a atenção do Ministério Público estadual.
O diretor de Operações da empresa, Leonardo Lins de Albuquerque – que também acumula a diretoria de Planejamento e Expansão -, apresentou dados dos investimentos feitos pela empresa nos últimos anos em Alagoas. Entre 2001 e 2007 foram aplicados R$ 317 milhões, de 2008 a 2010, outros R$ 359 milhões e para o período de 2011 a 2015, a previsão é de que sejam investidos R$ 1,1 bilhão na ampliação do setor elétrico de Alagoas. Em Maceió estão previstas a construção de duas subestações, uma no Stella Maris (40 MVA) e outra na Serraria (40 MVA).
No interior serão construídas duas outras subestações, uma em Paripueira (25 MVA) e outra em Barra de São Miguel (12,5 MVA). A previsão de funcionamento é para dezembro de 2012. Segundo o diretor, os recursos para aplicação nas obras já estão disponibilizados. Os dirigentes asseguraram ainda que estão sendo feitos investimentos na contratação de equipes para reduzir o tempo de restabelecimento de energia nos casos de queda no fornecimento.
Já o diretor de Transmissão do Sistema Eletrobras, José Antonio Muniz, esclareceu que muitos problemas resultam do desgaste das linhas de transmissão, muitas delas construídas há 40, 50 anos e que precisam ser renovadas. José Antonio Muniz garantiu que a empresa tem investido na recuperação dessas linhas e citou o caso de Arapiraca, um dos municípios que apresentam maior sobrecarga energética e onde a Eletrobras tem mantido reuniões frequentes com a prefeitura, visando aumentar a capacidade do potencial elétrico local.
Deputados se mostram insatisfeitos
Presente à audiência pública, que debateu as falhas no fornecimento de energia em Alagoas, o deputado Jeferson Morais (DEM) avaliou que as explicações dadas pelos dirigentes deixaram muito a desejar. “Faltou objetividade e não se respondeu aos questionamentos da população em relação aos problemas apresentados pela Eletrobras”, disse Morais.
Já o deputado Ronaldo Medeiros (PT) – que defendeu a criação da CPI da Eletrobras – afirmou que ‘estava cortando na carne ao criticar uma empresa ligada ao governo federal’. “Saio daqui pior do que entrei. As informações passadas em nada ajudaram a entender o problema existente em Alagoas”, acrescentou Medeiros.
O líder do governo na Casa, deputado Edival Gaia (PSDB) – que foi diretor-administrativo da antiga Ceal, antecessora da Eletrobras -, também defendeu investimentos da empresa para melhorar o potencial energético em Alagoas. “Alagoas está precisando de uma ação mais forte, essa situação que não pode mais perdurar”, disse Gaia. Ele apontou que em alguns pequenos municípios do interior alagoano “a presença da empresa é praticamente inexistente”.
O deputado Judson Cabral (PT) lamentou a ausência de representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Alagoas (Arsal). O deputado João Henrique Caldas (PTN) também criticou os serviços prestados pela Eletrobras em Alagoas e chegou a citar o caso de empresários do município alagoano de Campestre que estão começando a investir em cidades de Pernambuco, para fugir do problema da falta de energia.
O presidente da Casa, deputado Fernando Toledo (PSDB), considerou proveitosa a reunião. “Os dirigentes foram pontuais, prestativos e abriram um canal de comunicação com a Assembleia. Nós vamos explorar este canal e, se não obtivermos sucesso, a Assembleia se mobilizará para criar uma CPI. Entendo que, mais uma vez, esta Casa cumpre seu papel de ser interlocutora da sociedade, procurando resolver o problema”, afirmou Toledo.
A audiência contou ainda com a presença de representantes do Sindicato dos Urbanitários, de presidentes de Câmaras do interior, entre eles Penedo e Colônia Leopoldina, cidades que têm sofrido constantes problemas no fornecimento de energia elétrica.