×

Alagoas

Alagoas não registra caso de cólera há quase dez anos

Sandra Canuto lembra os cuidados para evitar a doença

“Oficialmente, ainda não há casos suspeitos de cólera em Alagoas em decorrência das enchentes. O último caso da doença registrado no estado foi em 2001, no município de Teotônio Vilela”. A afirmação é da superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Sandra Canuto, que nesta terça-feira (29), reforçou que técnicos do Estado têm mantido contato diário com os municípios atingidos e realizado busca ativa de ocorrências de doenças nas unidades hospitalares da capital.

Segundo ela, as enchentes ocorridas desde o último dia 18 foram consideradas pela equipe técnica da Sesau como emergência de saúde pública devido a sua intensidade e situação de risco para ocorrência de casos novos de doenças (transmissíveis ou não) ou agravo.

“Por isso, a Sesau vem intensificando as ações de vigilância em saúde e está em alerta para ocorrência de doenças de notificação imediata como leptospirose, hepatite viral A, diarréias, febre tifóide, doenças infecciosas respiratórias, tétano e acidentes por animais peçonhentos”, destacou, acrescentando que técnicos da Vigilância em Saúde Ambiental e do Laboratório Central (Lacen) realizam monitoramento mensal das águas nos municípios e não têm encontrado o vibrião colérico, bactéria causadora pela cólera.

Cólera – É uma doença infecciosa intestinal aguda, causada pelo vibrião colérico (Vibrio cholerae). Uma bactéria, em forma de vírgula, que multiplica rapidamente no intestino humano. Ela afeta apenas os seres humanos e a sua transmissão é diretamente dos dejetos fecais de doentes por ingestão oral, principalmente em água contaminada.

Pode se apresentar de forma grave, com diarreia, dor abdominal, cãibras, com ou sem vômitos. Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evoluir para desidratação, acidose e colapso circulatório, com choque hipovolêmico e insuficiência renal.

Transmissão – A cólera é transmitida pela ingestão da água, alimentos, peixes, frutos do mar e animais de água doce contaminados por fezes ou vômito de indivíduo portador da doença, sem o devido tratamento. Mãos que tiveram contato com a bactéria ou mesmo moscas e baratas podem provocar a infecção. Esses últimos podem funcionar como vetores mecânicos, transportando o vibrião para a água e para os alimentos.

A leptospirose também é uma doença de veiculação hídrica. A transmissão ocorre pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados. Os roedores domésticos mais comuns, que levam a leptospirose ao homem são: o rato de telhado, a ratazana (aquela de praia ou de esgoto) e o camundongo.

Sintomas – Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminada poderá se infectar. A Leptospira (bactéria responsável pela doença) penetra no corpo pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão.

Os sintomas aparecem em média entre 7 a 14 dias após o contato e são parecidos com os de outras doenças, como a gripe. Os principais são: febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas (batata da perna), podendo também ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas).

Nas formas mais graves, são necessários cuidados especiais, inclusive internação hospitalar. A leptospirose pode levar a complicações que exigem cuidados intensivos e é uma doença com alta taxa de letalidade entre 5% a 20%.

De acordo com o boletim do Cievs, foram notificados de 23 a 28 deste mês, dez casos suspeitos de leptospirose; 50 casos de acidente por animal peçonhento, 110 casos de diarreia e 58 casos de síndrome respiratória.

O município com maior número de casos suspeitos de leptospirose notificados é Capela com 04 casos; Quebrangulo registra 44 casos de diarreia e 52 de síndrome respiratória; Em Matriz do Camaragibe, foram notificados 20 casos de acidente por animais peçonhentos.

De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, as equipes de saúde devem ficar atentas aos sinais e sintomas de: febre de início súbito; cefaleia; mialgia; vômitos, prostração, dois ou mais episódios de diarreia, dispneia e ferimentos.

“Todo caso ou agregação de suspeitos deve ser notificado imediatamente ao Cievs pelos telefones 8882-9752 /3315-2059/ 0800 284 5415, notifica@saude.al.gov.br e na página do site www.saude.al.gov.br”, orienta.