Alagoas ganhará, nesta quarta-feira (20), às 10h, uma nova ferramenta na prevenção de desastres naturais. A Sala de Monitoramento Hidrológico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) funcionará na sede do órgão ambiental. O modelo é pioneiro, pois será a primeira Sala de Alerta, como é chamada, interligada com a Agência Nacional de Águas (ANA) que oferecerá dados sobre chuvas e nível dos rios em tempo real.
A Sala de Alerta é fruto do Acordo de Cooperação Técnica nº 10/2010, com a ANA, que já investiu mais de R$ 2 milhões em Alagoas para estruturação da rede de monitoramento hidrometeorológico. O valor é inicial e durante os próximos anos, a Semarh receberá novos equipamentos para aprimorar o sistema e obter dados ainda mais precisos que atuarão na prevenção de desastres naturais no Estado, seja com o mapeamento de áreas de risco à definição dos limites de enchentes dos rios.
O sistema é pioneiro no Brasil, pois apesar de haver outros tipos de laboratórios que realizam a análise hidrometeorológica, a Sala de Alerta de Alagoas será a primeira interligada com a Agência Nacional de Águas. A instituição federal afirmou que a rede alagoana, montada em cooperação com a Semarh, servirá de referência para outros Estados que ainda estão em fase de recebimento de equipamento ou construção dos locais que abrigarão a sala, como é o caso do vizinho Pernambuco.
Com todas essas informações, é importante que a população entenda como funcionará a Sala de Alerta. Suas análises são chamadas de hidrometeorológicas, pois envolvem a parte de meteorologia, que faz o diagnóstico de chuva, temperatura, ventos e umidade. E também hidrológica, pois envolve a parte de análise das bacias hidrográficas e dos rios, principalmente no que se refere ao nível e volume que a água está atingindo.
Dentro da sede da Semarh, foi implantada uma sala devidamente equipada que tem condições de receber informações de diversos meios. A parte meteorológica é desenvolvida pela Diretoria de Meteorologia por meio da estação, instalada na própria sede da Secretaria, de recepção de imagens do satélite europeu Meteosat-9. Com essas informações, é possível fazer a previsão de chuvas (local, data e intensidade), ventos, temperatura e umidade em todo o Estado, com até cinco dias de antecedência.
Já as informações hidrológicas chegam até a sede da Semarh por meio das chamadas Plataformas de Coleta de Dados (PCD). São estações equipadas com sistemas telemétricos, instaladas em regiões de Pernambuco e Alagoas, que enviarão dados coletados em diversas regiões por meio de linhas telefônicas ou, em locais onde não houver sinal, transmitidos através de satélite. Com as informações coletadas das PCDs, a Diretoria de Meteorologia poderá definir o volume de precipitação das chuvas e o nível dos rios.
No caso do nível dos rios, será possível estimar em quanto tempo o volume de água chegará até as cidades alagoanas, garantindo agilidade para emissão de alertas. Isso é possível devido à instalação de 4 PCDs em Pernambuco, nos municípios de Brejão, Canhotinho, Correntes e Palmeirinha. A instalação das estações no estado vizinho é necessária, pois também compreende parte das bacias hidrográficas dos rios Paraíba e Mundaú e influenciam diretamente no regime hidrológico da região de Alagoas.
Outras cinco PCDs foram instaladas em Alagoas, nos municípios de União dos Palmares, São José da Laje, Quebrangulo, Viçosa e Atalaia. Uma décima estação está sendo instalada em Rio Largo. O processo de montagem dessas Plataformas de Coleta de Dados foi iniciado em novembro de 2010, por técnicos da Semarh, ANA e CPRM, sendo necessário realizar ajustes e manutenções para garantir o funcionamento correto de todos os equipamentos. O período de testes começou em fevereiro de 2011 e durou até o mês de abril, quando começam chuvas de menor intensidade e o sistema pôde ser testado na prática.
Esse investimento é inicial, pois o Acordo de Cooperação Técnica entre Semarh e ANA prevê ainda que, dentro de dois anos, todas as regiões do Estado recebam estações hidrometeorológicas, o que permitirá o monitoramento de todas as bacias hidrográficas em Alagoas, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Entretanto, com a estrutura montada atualmente, já é possível monitorar as duas bacias envolvidas nas enchentes de 2010 – Paraíba e Mundaú.
Com as estações instaladas, o processo de monitoramento é simples, mas trabalhoso, pois uma equipe formada por Semarh e Defesa Civil Estadual realiza plantões dentro desta Sala de Alerta. A equipe de meteorologia já realiza o diagnóstico de chuva para as regiões e onde houver previsão de precipitação com grande volume, já recebe atenção maior por parte dos técnicos. As estações espalhadas pelas duas bacias enviam informações a cada hora para Brasília e as informações são automaticamente atualizadas no site da Agência Nacional de Águas. Esses dados podem ser conferidos por qualquer pessoa no site www.ana.gov.br.
Com esses dados apresentados nas telas da Sala de Alerta, a equipe em Alagoas analisa os níveis dos rios e a precipitação da chuva em cada ponto onde foi instalada uma estação e conseguem fazer estimativa de quando o nível da água irá subir nos municípios seguintes.
Como o monitoramento começa em Pernambuco, existe tempo suficiente para soltar o alerta de enchente para a Defesa Civil Estadual (também para outros órgãos públicos e meios de comunicação) que iniciará o processo de evacuação dos moradores próximos às áreas inundáveis, além de outras execuções de atendimento em caso de desastres naturais.
O Sistema de Monitoramento Hidrometeorológico de Alagoas foi concebido por meio de uma parceria entre os governos federal e de Alagoas. Por Brasília, participam o Ministério do Meio Ambiente com a Agência Nacional de Águas, e em parceria com o Ministério de Minas e Energia e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Em Alagoas, o projeto é executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), em parceria com a Defesa Civil Estadual.