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Cultura

Alagoas comemora dia do Índio em grande estilo

Adereços característicos da arte indígena.

Com versos, o escritor Oswald de Andrade (1890-1954), no seu Tupi or not Tupi, deu voz ao índio: “Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte”. Além de destemidos, são resistentes. Atravessam a globalização e mantêm firme a cultura das artes manuais, danças e contação de histórias.

Para revelar mais dessa tradição, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), realiza entre os dias 16 e 24 de abril, oficinas de arte indígena, comandadas pelo grupo Dzubucuá, da tribo kariri-xocó, da cidade de Porto Real do Colégio – região norte de Alagoas.

As atividades serão realizadas no espaço anexo ao Museu Palácio Floriano Peixoto (Mupa), no Centro da capital, e na programação, apresentação de toré já neste sábado, das 14h às 17h, no Memorial à República, em Jaraguá.

O público terá a oportunidade de aprender e participar desta cultura carregada de tradição e espiritualidade. Nas oficinas, todas gratuitas, atividades como pintura corporal, em tecido, histórias indígenas, artesanato e os benefícios das ervas medicinais.

Para o representante do grupo, Evanildo Ferreira – o índio Yachykoran (que significa Grande Esperança) -, essa é também uma oportunidade de conscientizar as pessoas sobre o cuidado com a terra, com a saúde do planeta. “Nossa cultura é viva, nossos antepassados já previam todo esse desmatamento, as chuvas fortes, o clima quente”, diz. É ele quem contará as histórias, os acontecimentos, o cotidiano, o legado e a evolução de seu povo.

Nas oficinas de artesanato serão confeccionados colares, brincos com sementes de olho de dragão, açaí, entre outras, além de saias de palhas e, é claro, o cocar. As tintas usadas no corpo e nos tecidos são feitas à base de jenipapo e outros produtos naturais. Os participantes ficarão com as peças que produzirem. Na ocasião, estarão disponíveis também os materiais indígenas para compra. O artesanato ajuda a manter o trabalho com a sociedade, nas escolas, nas feiras. “O índio não sobrevive mais da pesca e da caça”, disse Everaldo.

Mais da sabedoria indígena – Nada dos já conhecidos boldo, cidreira e erva doce. Na oficina de ervas medicinais, os índios vão ensinar segredos. A arte de preparar um poderoso analgésico, um expectorante e até um chá de velandinho que serve para inflamação, dores, febre e muitos outros sintomas. Segundo Everaldo, o benefício desta erva é vasto. “Ela devolve a auto-estima, revigora, afasta tudo de ruim”, ensina.

Para participar das atividades, é necessário fazer inscrição pelo telefone (82) 3315-7873 ou, se preferir, no próprio Museu Palácio Floriano Peixoto – localizado na Praça Mal. Floriano Peixoto, Centro. As oficinas são gratuitas, mas há limite de vagas.