Aparecida Alencar irá apresentar o trabalho sobre a Doença de Huntington a partir de sexta-feira (3) no congresso em Praga
Caracterizada por uma desordem hereditária do cérebro, que afeta pessoas de todas as raças, provocando a perda de células do sistema nervoso e da capacidade cognitiva dos pacientes, a Doença de Huntington (DH) começa a ser estudada em Alagoas.
O trabalho será apresentado a partir da sexta-feira (3), pela odontóloga e pesquisadora Maria Aparecida Alencar, durante um congresso realizado em Praga, na República Tcheca.
Com o único trabalho brasileiro a ser exposto durante o congresso, a alagoana irá apresentar a prevalência de portadores da doença em Feira Grande, onde se concentra o maior número de portadores de DH no Brasil. A anomalia genética afeta um em cada mil nascidos, em Feira Grande, onde até 2005 o diagnóstico era desconhecido no município alagoano.
De acordo com a pesquisadora, o estudo teve início por acaso, depois de detectar que havia um grande número de portadores do problema, até então denominado como “nervoso”. “Após coletar informações no município, verifiquei que os portadores da doença apresentavam relação entre si, daí porque a caracterização de que o problema é genético”, explicou Maria Aparecida Alencar.
Ela revelou que a Doença de Huntington foi descoberta em 2005, depois que professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estiveram em Feira Grande e realizaram exames com os portadores da anomalia.
Com a comprovação, pesquisadores e integrantes da Associação Brasil Huntington (ABH) começaram a visitar o município para orientar os familiares. Esta associação é responsável pela publicação da primeira obra em língua portuguesa sobre a DH com o título “Doenças Huntington: Guia Prático para Familiares e Profissionais de Saúde”, que esclarecem sobre todas as áreas profissionais envolvidas com a doença como: neurologia, psiquiatria, fisioterapia e fonoaudiologia, entre outras.
Na publicação, a pesquisadora alagoana é autora de um capítulo que tratada sobre os cuidados odontológicos em pacientes com a anomalia, já que em razão dos problemas que afetam o sistema neuro-motor, os portadores da doença têm dificuldade de realizar a higiene bucal, afetando a saúde dos dentes.
Doença – A doença foi descoberta em 1872 e recebeu o nome de Huntington em homenagem ao médico norte-americano George Huntington, que publicou uma descrição do que ele chamou “coréia hereditária”. Originada da palavra grega para “dança”, coréia se refere aos movimentos involuntários que estão entre os sintomas comuns da Doença de Huntington.
Estudos recentes mostram que os portadores da doença podem manter sua independência por vários anos após o aparecimento dos primeiros sintomas. A anomalia é repassada de pais para filhos, por meio de um gene defeituoso, segundo estudos realizados por geneticistas, daí porque a importância do aconselhamento genético.
Quanto ao diagnóstico, ele requer a realização de uma bateria de exames, a exemplo de neurológicos e psicológicos, além de um estudo do histórico familiar do portador. Cerca de 30 mil pessoas têm a doença de Huntington nos Estados Unidos, mas no Brasil ainda não existem dados estatísticos.
