F.S., 17 anos, concedeu entrevista exclusiva ao portal de notícias aquiacontece.com.br
A redação do AquiAcontece foi procurada no último final de semana pela adolescente F.S., 17 anos, que foi vítima de um suposto ‘estupro coletivo’ em Penedo. O objetivo da garota era solicitar um espaço no portal de notícias mais acessado da região para contar como tudo aconteceu e fornecer detalhes sobre os suspeitos de terem praticado o crime.
Assim como combinado, na tarde desta segunda-feira, 19 de setembro, a adolescente compareceu a sede do portal de notícias e concedeu uma entrevista exclusiva aos nossos repórteres.
No início do bate-papo, gravado em áudio após autorização da mesma e de seu representante legal, F.S. ressaltou que tudo teve início no dia 4 de abril.
“Eu fui convidada para me dirigir a casa do 4º elemento que está foragido para jogar vídeo game. Chegando lá, por volta das 19 horas, o Filipe Emanoel, o Daniel Mota e o Emerson Alencar inventaram de beber. Então nós fomos a uma mercearia e compramos vodka e um refrigerante. Ao voltar para a residência, esses que eu achava que eram meus amigos inventaram de brincar de ‘porrinha’ com palitos de fósforo e eu fiquei embriagada por que não sabia jogar e acabei tomando várias doses”, recorda.

Após a ingestão de bebida alcoólica, a adolescente contou que sentiu vontade de ir ao banheiro e que na saída foi empurrada para um quarto da casa por um dos suspeitos que mesmo sem sua vontade queria ter relações sexuais.
“Eu pedi pra ir ao banheiro e quando estava voltando para a sala fui empurrada para o quarto e comecei a gritar, dizendo que não queria e pedindo que ele parasse. Mesmo assim acabou acontecendo. Os outros ficaram na sala, mas quando ouviram os gritos foram ao quarto, me colocaram em um colchão e fizeram o que todo mundo já sabe. Eu estava tão fora de mim, que não tive forças para reagir, por isso acho que colocaram algo na minha bebida”, explicou.
Questionada se após o crime permaneceu no local, a vítima declarou que apagou e só acordou às 04 da manhã, momento em que percebeu seu corpo sujo de sangue e sentiu dores em suas partes íntimas.
“Eu apaguei, por isso também acho que colocaram algo na minha bebida. Só acordei no outro dia, me sentindo muito mal e ainda sem roupas. Levantei e fui pra casa sem saber o que fazer, confusa. O tempo foi passando e eu fui levando minha vida normalmente até que descobri que além de tudo ainda tinham gravado um vídeo da violência sexual”, declarou.
Quando perguntada porque acusou as pessoas erradas e se fez isso de forma proposital, a adolescente contou que reconhece que errou feio, mas que jamais faria isso se realmente soubesse da verdade.
“Como eu disse antes, após o dia 04 de abril, quando aconteceu o primeiro caso, eu me afastei desses que eu achava que eram meus amigos e toquei minha vida. No dia 26 de junho participei de um evento com o Isaack, o Gilberto, o Ricardo Diego e o Klebson. Durante a festa, nós bebemos muito e acabamos transando, de forma consensual, pois foi tudo combinado antes. Apenas o Gilberto, que eu conheço como Juca, não teve relações comigo. Três dias depois eu descobri a existência desse vídeo através de um amigo e ao ver o que tinham feito comigo acabei decidindo fazer a denúncia. Como foi logo após esse segundo caso, e eu estava bêbada, achei que os rapazes do vídeo eram eles e acabei os acusando”, confessou.

Indagada sobre como descobriu que tinha errado na sua acusação, a adolescente explicou que com a ajuda de um amigo analisou o vídeo e percebeu que o piso não era da casa onde ela tinha ‘ficado’ com os três suspeitos que após 60 dias presos foram postos em liberdade por decisão da 4ª Vara Criminal de Penedo.
“Dias depois da prisão do Isaack, do Gilberto, do Ricardo Diego e do Klebson, uma amiga me procurou e chamou minha atenção quanto algumas coisas que aparecem no vídeo. Eu analisei com calma e acabei concluindo que tinha me enganado, pois o piso do local onde aconteceu o segundo caso era diferente do vídeo. Além disso, também reconheci os anéis usados por um dos suspeitos e a sandália de outro. Sem ter mais dúvidas, procurei a delegacia de Penedo, mas já era tarde”, complementou.
Ainda segundo a vítima, na delegacia de Penedo ela tentou retirar a queixa, mas não conseguiu, pois as autoridades policiais acharam que a mudança na versão dos fatos estava sendo feita de forma coagida.
“Eu tentei retirar a queixa logo após essas primeiras prisões, mas não consegui. O delegado achou que eu estava mentindo ou sendo obrigada a dar uma nova versão, mas isso não aconteceu. Infelizmente eu errei e acabei prejudicando as pessoas erradas, mesmo sem saber o que estava fazendo”, acrescentou.
Perguntada sobre o que espera da Justiça nesse momento, a adolescente declarou que seu desejo é que os verdadeiros culpados sejam punidos pelo que fizeram.

“Quero que eles paguem pelo que fizeram comigo. Ninguém merece passar pelo que eu passei e passo até hoje, pois por onde ando sou apontada como se eu quisesse que fizessem aquilo comigo. Tiraram sangue de mim. Quero Justiça. Os quatro primeiros que foram presos são inocentes. Sei que é errado, mas o que aconteceu foi por minha vontade, eu que quis”, confessou.
O inquérito policial, que teve início com o delegado Guilherme Martim Iusten, atualmente está sob os cuidados do delegado Fernando Lustosa, que é o novo titular da Delegacia Regional de Penedo. Apesar dos primeiros presos não aparecerem no vídeo, eles permanecem na condição de investigados.
