O dia do adolescente Igor Davi de Melo Freitas e família foi marcado nesta sexta-feira (29) por emoção, alegria e muita adrenalina, já que o menino, portador de síndrome de Down realizou, à véspera de completar 15 anos, o sonho de ser bombeiro. Um dos pontos altos da homenagem se deu quando ele fez rapel na sede do Corpo de Bombeiro, no Trapiche da Barra, seguido de um profissional da área. Uma mistura de tensão e orgulho era visível no olhar atento dos amigos e familiares, que assistiam a aventura do Igor. Todas as guarnições presentes prestigiaram o momento ímpar.
A homenagem começou quando uma comitiva do Corpo de Bombeiros – coordenada pelo comandante da Corporaçao, coronel Neitônio Freitas – se deslocou à casa do menino, na Jatiúca, para cumprimentá-lo – com sinal de continência, trajá-lo com capacete e colete usados pelos profissionais da área – e levalá-lo na viatura à Praça Multieventos, na Pajuçara. Entusiasmada, uma tropa de bombeiros, que fazia atividade física, recebeu o garoto com aplausos e entoando o parabéns para você.
Em seguida, a comitiva se dirigiu à sede do CB no Trapiche, onde o jovem foi na viatura e a família em veículos próprios. Sem conseguir conter as lágrimas, o único irmão de 18 anos, Iago de Melo Freitas que, atualmente, serve ao Exército, contou que Igor quase morreu quando tinha 1 ano e meio por problemas cardíacos sérios e infecção hospitalar. Segundo Iago, o irmão passou dois meses internados no hospital e após uma cirurgia cardíaca teve a fala comprometida, o que não o impediu de, com um monossílabo, olhar para o irmão, bater no peito e dizer: “Fã”.
Enxugando as lágrimas, Iago disse que, desde pequeno, os brinquedos favoritos do Igor são soldados, viaturas, helicópteros ou instrumentos que lembrem as Forças Armadas. “Impressionante como ele sente a necessidade de salvar vidas e manifesta isso. Hoje é o dia mais feliz da minha vida por presenciar o CB realizando o sonho dele. Igor corre para a porta quando ouve o barulho de uma sirene. Nosso pai morreu quando ele tinha 4 anos e nos tornamos muito unidos”, lembra.
De acordo com a engenheira e mãe dos dois adolescentes, Cacilda de Melo Freitas, o mais velho se tornou referência de pai para o mais novo, quando ficaram órfãos. Segundo a mãe, o despertar pela carreira de bombeiro se deu no começo deste ano quando Igor participou do Projeto Golfinho do CB. “Somos abençoados por tê-lo em nossas vidas. Se ele não existesse, Deus o mandaria de presente para a gente”, resaltou a mãe, enquanto assisitia Igor fazer rapel. Os amigos, também com Down, Felipe Martins e Lício Vítor prestigiaram o amigo no inesquecível dia.
“Desce Igor, que os anjinhos do Senhor estão do seu lado amparando-o”, gritava Cacilda, ao tempo em que todos repetiam o nome do menino. Sentindo-se desafiado, Lício também desceu pela corda e ao chegar em solo disse: “Sou macho”, arrancando risadas da plateia. Para o coronel Neitônio, a inclusão de crianças especiais no Projeto Golfinho faz a diferença no desenvolvimento e na vida delas.
O sonho foi possível graças a uma carta que a amiga da família, a assistente social, Rosa Maria Costa, fez para o CB e foi atendida. A comemoração terminou com uma oração do coronel Neitônio, seguida de Igor que, mesmo sem conseguir pronunciar bem as palavras, ergueu as mãos, orou, e finalizou com um indescritível amém.