Presidente da Câmara de Vereadores de Penedo, Bili Marques, falou à Rádio Penedo FM
Diante da precariedade dos serviços públicos em Penedo e da ausência de respostas convincentes às solicitações encaminhadas pelo vereadores de Penedo à prefeitura, o presidente do parlamento municipal Josué Marques da Silva, o Bili Marques (PMDB), declarou que a “administração está fadada ao fracasso”. A declaração aconteceu durante entrevista no Programa Lance Livre (Penedo FM/97,3 Mhz), concedida nesta segunda-feira, 18.
Convidado por Martha Martyes, diretora de jornalismo da emissora líder em audiência em Penedo e região, o entrevistado fez uma análise da atual situação de Penedo, dos reclames da população e da relação entre o parlamento e a prefeitura.”Estamos atuantes, dentro do que nos manda a Constituição da República, da Lei Orgânica do município e do regimento interno da Câmara que faz requerimentos, indicações, discute projetos oriundos do Executivo, aprova tudo que é bom para Penedo, mas quando temos que ser ouvidos, não temos as respostas e gostaríamos de tê-las”, declarou Bili Marques.
Revolta com as respostas da prefeitura
“Eu fiquei revoltado com as respostas que chegaram à Câmara Municipal”, afirmou o presidente, citando como exemplo o pedido de iluminação para o povoado Campo Redondo, feito há dois meses pelo vereador Sargento Marival, membro da bancada de apoio ao prefeito Israel Saldanha (DEM). A resposta enviada pela administração municipal somente na semana passada, segundo o parlamentar, resume a impossibilidade de atendimento, que só deve acontecer mediante a recuperação da capacidade de investimento da prefeitura, texto que encerra com a melancólica esperança de que “assim que pudermos, iremos fazer”.
“Isso não é resposta que se dê, nem a Câmara e nem ao povo de Penedo”, criticou o vereador, lembrando que a população paga taxa de iluminação pública e que “todos os meses pinga dinheiro na conta da prefeitura para iluminar a cidade, ou seja, a prefeitura não está usando a verba específica para responder ao vereador que irá fazer ou que já está tomando providências”, acrescentou Bili Marques.
Solicitações de reparos em vias públicas e até mesmo de limpeza em ruas e praças também estariam recebendo o mesmo retorno da prefeitura, que condiciona a realização de serviços à retomada do equilíbrio financeiro que ainda não aconteceu, apesar das medidas de ‘economia de guerra’ adotadas por Israel Saldanha há seis meses.
“É melhor fecharmos a prefeitura”, afirma Bili Marques
“Da maneira como a prefeitura está tratando a cidade, é melhor que fechemos a prefeitura.”, desabafou o parlamentar, classificando a atual gestão como “máquina enferrujada”. O lamentável desempenho do atual prefeito seria, em parte, decorrente de “maus assessores e conselheiros” que cercam Israel Saldanha, conforme avaliação de Bili Marques, ressaltando que as mudanças e avanços que Penedo precisa aconteceriam quando o ex-vereador e atual prefeito assumiu o cargo, expectativa que transformada em decepção.
“Ele (Israel Saldanha) tecia comentários, fazia inserções e usava a tribuna da Câmara para dizer exatamente aquilo que ele não está conseguindo realizar, ouvir a Câmara, fazer o dever de casa no seu dia a dia, a manutenção prioritária e a mais simplória possível, coisas que a sociedade penendense e nós não estamos conseguindo enxergar. Quem encontra os vereadores pelas ruas tece os mesmos comentários, a cidade não anda”, afirmou o vereador, recordando a atuação do então parlamentar na gestão passada.
“A Câmara de Penedo não aperta o prefeito como deveria apertar”, admite Bili Marques
Questionada sobre a atuação dos parlamentares diante de tantos problemas encontrados em Penedo, o presidente do parlamento destacou o papel exercido pelos representantes do povo penedense na Casa Legislativa, mas admitiu que “a Câmara de Penedo é educada, não aperta o prefeito como deveria apertar”, ressaltando o empenho dos demais colegas de parlamento, inclusive em relação aos apelos direcionados ao governo estadual.
Sobre a segurança pública em Penedo, obrigação que cabe ao governo do Estado, o vereador disse que em 2009, representantes da gestão tucana prometeram que a situação da delegacia da cidade estaria resolvida em dois meses. “Nós estamos decepcionado com o governo”, lamentou o entrevistado, criticando a ausência de providências e ainda o processo movido pela Secretaria de Defesa Social contra o delegado Antônio Barros, acusado por desvio de conduta durante a mais recente rebelião no distrito policial ribeirinho, cadeia que ostenta o vergonhoso título de campeã em fugas em Alagoas.
Penedo perdeu cerca de dois mil alunos na rede municipal de ensino
Em relação aos problemas de responsabilidade da prefeitura, Bili Marques afirmou que a Secretaria Municipal de Educação perdeu cerca de dois mil alunos entre 2009 e o ano em curso. Ex-membro do Conselho Municipal de Educação, ele disse que os dados foram passados por membros do referido colegiado.
“Isso representa uma perda de aproximadamente dois milhões e oitocentos e cinqüenta mil Reais na Secretaria de Educação de Penedo”, o que equivale a menos R$ 200 nos salários dos professores e menos investimentos no setor. “Penedo está andando para trás”, afirmou Bili Marques. Outro assunto discutido, levado ao ar durante intervenção de um ouvinte, foi o uso de legislação revogada para aprovação de candidatos para agente comunitário de saúde no concurso realizado pela prefeitura.
Bili Marques disse que a Câmara está recebendo informações sobre a denúncia – já encaminhada ao Ministério Público Estadual – e que o assunto será debatido no plenário do parlamento na próxima sessão ordinária, encontro que acontece todas as quintas-feiras, a partir das 15h30. Por falar em reunião, o presidente disse que apelou aos desembargadores do Tribunal de Justiça de Alagoas para que resolver determinadas situações em Penedo.
“Nós rogamos para que eles tomem providências urgentes”, pedidos que teriam como resposta o empenho para atender, principalmente, problemas nos setores de saúde e segurança pública. Por fim, Bili Marques pediu desculpas aos comerciantes por conta da “colcha de retalhos”, como chamou as obras na orla e comércio da cidade. “Um remendo aqui, outro ali, e não se entrega a obra como deveria”, declarou, reconhecendo a situação crítica para lojistas de Penedo. “Os comerciante estão desesperados porque os clientes não estão chegando”, concluiu.