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Cultura

Acervo da Coleção Perseverança preserva história do Quebra

Em meio ao rico acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, uma coleção chama a atenção. Ela é considerada uma das mais importantes do segmento afro existentes no país e reflete atos de intolerância ocorridos em Maceió no ano de 1912, quando as Casas de Xangô da capital alagoana foram todas destruídas. A coleção chama-se Perseverança e reúne esculturas, imagens, instrumentos musicais, indumentárias e paramentos que resistiram à perseguição e aos ataques do dia que ficou conhecido como “o dia do quebra”.

As peças, antes de chegarem ao Instituto Histórico, pertenciam ao museu da extinta Sociedade Perseverança e Auxílio dos Empregados no Comércio de Maceió, conhecida como agremiação dos caixeiros – como antigamente eram chamados os comerciários. Por isso o nome da coleção, que por sua importância foi cobiçada, antes de passar a fazer parte do acervo do Instituto, por uma organização americana.

De procedência africana em sua maioria, os objetos encontram-se em perfeito estado de conservação, são o que restou do ataque realizado pela Liga dos Republicanos Combatentes, que teriam justificado a perseguição ao fato de que o governador do Estado à época, pessoas de sua amizade e membros do Partido Republicano Conservador estavam a frequentar as Casas de Xangô.

Uma das peças consideradas de maior valor da coleção é o capacete Ogum-China. Coberto com búzios africanos e contas brancas, ele chegou a ser avaliado, em 1912, em 500 mil réis. As esculturas de Oxalá, Ogum-Taió, Xangô-Dadá e Oxum-Ekum, por exemplo, representam os Orixás, divindades das religiões afro. Cajado, espada, ganzá, agogós, pandeiro e vasilhas de barro também fazem parte da coleção.

Depois que chegaram ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, as peças da Coleção Perseverança não mais saíram de lá. Para conhecê-las, somente visitando o local, localizado no prédio cor de rosa encravado no Centro de Maceió. Isso porque, segundo Jayme de Altavila, presidente do Instituto, “as peças que passam a fazer parte do acervo não saem mais de lá”. O local recebe visitantes de segunda à sexta-feira, das 8h às 11h30.