×

Artigos

A nossa responsabilidade na escolha quadrienal

Marcius Beltrão pretende trabalhar forte na educação infantil

Esse ano teremos as eleições municipais, que por motivo da pandemia do Covit19 não será realizada no dia 4 de outubro próximo e sim no dia 15 de novembro. Nesta data será escolhido, pela maioria dos eleitores, quem será o CEO (o diretor executivo em português) municipal para um período de quatro anos, podendo ser reconduzido ao cargo por mais um período, caso os eleitores considerem que realizou uma administração à altura do esperado.

Acredito que os candidatos ao cargo estejam aproveitando esse período pré-eleitoral para, conjuntamente como os seus assessores mais próximos, pensar qual o panorama geral “empresa” de grande porte que poderá estar sob sua responsabilidade a partir de 01.01.2021 e as possíveis ações para se obter resultados visíveis de melhoria, caso seja o escolhido para o cargo disponível.

Quando alguém acredita que está credenciado, pelos seus conhecimentos e competências a conduzir os destinos de um município por um período de tempo determinado pela legislação, ele já deve possuir, mesmo que informalmente em seu cérebro, um pré-projeto do seu plano de atuação, ainda que tenha mais suposições do que conhecimentos concretos da realidade municipal quanto ao cumprimento das suas obrigações constitucionais. Não é de bom alvitre pretender uma posição dessa elevadíssima responsabilidade sem um norte que possa apresentar melhores resultados que os dos seus antecessores e caso algum candidato esteja convicto de que o interstício entre as datas de eleição e da posse é suficiente para iniciar as tratativas do assunto, já inspira que não está devidamente preparado para o cargo, pois essa presunção, por si só, é de uma administração nada diferente das que não deixaram saudades aos cidadãos municipais.

Limitando-nos aos desempenhos das administrações municipais, no geral os resultados apresentados aos finais de mandatos em relação ao prometido e esperado, infelizmente, nos induz a um pessimismo crônico de que essa malfada curva está difícil de ser revertida, pois no geral os serviços públicos não apresentam melhorias evidentes, bastando para isso observar os indicadores que nos são disponibilizados.

Como não temos bola de cristal para prevermos qual o candidato ao cargo terá melhor desempenho, caso escolhido, temos que nos apoiar no que conhecemos das trajetórias profissionais dos pretendentes, os cargos de direção que exerceram em instituições públicas e privadas e respectivos resultados das suas administrações.

Uma sinalização, também importante, é o conhecimento que demonstram dos problemas públicos locais, através das declarações nos seus discursos de campanha, pois são nesses eventos que temos a oportunidade de avaliar qual tem os melhores conhecimentos desses problemas, como também os seus planos e suas prioridades que nos deem a esperança que o nosso pessimismo crônico foi preconceituoso.

Atualmente a pesquisa estatística nos fornece, com unidades de medidas aceitáveis, os resultados de diversos serviços públicos, como a educação, a saúde e a segurança, como também a evolução econômica municipal e outros serviços públicos. Como o que não é medido não pode ser controlado nem melhorado, o conhecimento desses índices é a base que firmará um plano de governo eficaz e eficiente. Devemos observar qual dos candidatos que, nas suas declarações, sinalizou melhor conhecimento dessas situações, convencendo aos eleitores, por exemplo, ter noção da realidade da educação local através do resultado do último censo nacional realizado, se ela está acima ou abaixo da média regional, estadual e nacional e a partir daí apresente, de uma maneira geral, quais são os planos para que ao final do mandato, essa média apresente melhoria significante. A mesma atenção deve ser dada às declarações sobre a saúde, e segurança e como ele entende a maneira de melhorar os serviços públicos para que venham a contribuir, de modo efetivo, no auxílio às melhorias desejadas do desempenho desses segmentos.

Conseguir distinguir o pensamento dos candidatos da importância da infraestrutura do município como alicerce da sustentabilidade a um programa desenvolvimentista é importantíssimo, pois dependerá desse programa a diminuição da desigualdade social, que vem sendo muito comentada, mas sem propostas concentras de solução.

Quanto a economia local, precisamos de informações mais precisas para entendermos se o candidato tem conhecimento de como ela está evoluindo e se há índices confiáveis de acompanhamento desses dados. Como na maioria dos municípios com até cem mil habitantes ainda não determinou qual sua prioridade econômica, qual candidato tem a melhor noção desse tema, como também sua convicção qual segmento poderá, no menor prazo, proporcionar ao município um desenvolvimento sustentável e assim melhorar o padrão e a qualidade de vida das pessoas residentes na localidade, para priorizar suas ações do desenvolvimento desse segmento escolhido, seja na agricultura, indústria, comércio regional ou serviços, priorizar, mas não esquecer da relativa importância conjuntural de todos na contribuição sinergética desenvolvimentista.

Esses são questionamentos básicos, mas não conclusivos, que devemos nos fazer para melhor analisar e concluir qual tem, no nosso entendimento, melhores condições para impulsionar o desenvolvimento municipal.

Uma pergunta indefinitivamente continuada é por quê o desenvolvimento dos municípios brasileiros apresentam diferenças tão acentuadas nos seus desenvolvimentos. Marcos Lisboa em seu recente artigo “vamos conversar sobre o estado brasileiro”, de 11 do corrente mês, esclarece um pouco essa diferença, pois nossos gastos, em relação ao PIB, em políticas públicas são superiores aos emergentes, mas os resultados produzidos é uma vergonha comparados com os daqueles países, o que nos leva a concluir que é apenas uma questão estrutural de produtividade dos nossos serviços públicos. E um ponto importantíssimo para essa melhoria de produtividade é a valorização do servidor público, um recursos muito criticado e esquecido.

A certeza se o nosso escolhido, caso eleito irá promover essa produtividade e que os diversos índices terão melhoria percebida só saberemos após quatro anos da posse. Caso isso não ocorra, mais uma vez seremos corresponsáveis por mais um período de atraso.