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A menina dos sapatos coloridos

Era menina, menina em flor, sempre menina.

Gostava de sapatos coloridos e cada par que calçava vivia uma aventura.

Quando calçou os sapatos de cor Pink, viajou até Paris e ficou encantada com a Torre Eiffel.

Os sapatos de cor verde levaram-na até o Amazonas. Lá deslizou sobre as vitórias-régias e cantou com o pássaro verde de bico dourado.

Ah! Menina, tão linda menina. Seus sapatos azuis trasportaram-na até o céu. Lá ela conheceu os anjos de cabelos enrolados e cacheados, tocando harpas e deslizando sobre as nuvens.

Mas, ela possuía um par de sapatos, que era o seu preferido, pois era todo colorido e quando o calçava ela subia e descia o Arco Iris, encontrava um pote de ouro cheio de guloseimas e era uma delicia!

A menina adorava aventuras e vivia sonhando com seus pares de sapatos coloridos.

Mas, um dia misteriosamente ela perdeu todos os pares de sapatos. A menina chorou, chorou, chorou, procurou por toda a casa. Perguntou ao pai, à mãe, aos irmãos, aos colegas da escola. Mas, ninguém sabia onde estariam seus sapatos coloridos.

Só lhe restou um par surrado de cor roxa, que ela não gostava. Pois, teve de usá-lo quando sua vovó, aquela que lhe contava histórias na hora de dormir, partiu numa viagem e nunca mais voltou.

A menina ficou triste, não sorria, não comia, não brincava, só pensava nos sapatos coloridos e perguntava-se:

– Onde estariam? Por que fora abandonada por eles?

Em uma noite de lua cheia a menina resolveu dar uma volta no jardim de sua casa. Que surpresa, ao olhar para o céu! Ela viu todos os seus pares de sapatos dançando uma ciranda ao redor da lua e eles cantavam:

Menina, não chore.
Menina, não fique triste.
Menina, nunca deixe sorrir.
Menina, se você acreditar
em seus sonhos,
nós voltaremos para você.

A menina começou a sorrir e, um a um, seus pares de sapatos coloridos foram descendo da lua até ela.

A menina ficou muito feliz e continua vivendo suas aventuras.

Pé de pinto, pé de pato, quem gostar de sapatos que conte quatro.

(Para minha amiga Lila Pompe, que me inspirou este conto com seus pares de sapatos coloridos)