×

Artigos

A literatura no meio dos jovens

Simbolismo marcante em uma bela cena do filme

É difícil fazer cultura em Alagoas, viver dela é que é mais difícil ainda, poderíamos destacar alguns elementos que seriam primordiais para tal feito, mas há algumas questões que nos fazem refletir e nos fazem parar para analisar o que está errado, de quem é a culpa. Outro dia, conversando com alguns jovens, diria que um papo cabeça, sobre literatura e as diversas escolas literárias, escritores vivos e a contribuição de cada artista para a identidade nacional pude perceber o nível de conhecimento literário daqueles estudantes, que na sua maioria estão cursando o ensino médio.

Estes mesmo jovens que estão acostumados a ter aulas de literatura conhecendo apenas autores que são obrigados a conhecer com o objetivo de apenas obter uma boa nota e conseguir uma melhor pontuação nos exames vestibulares. Leituras essa que na maioria dos casos é de um linguajar de difícil assimilação, com autores que muitos nem sabe quem foi, qual foi a sua contribuição para o momento, e a sua diferenciação nas escolas literárias.

O ensino no Brasil, em especial em Alagoas, é uma educação que deixa muito a desejar, para não fugirmos do foco, a literatura que é e está sempre presente na cultura e no anseio do seu povo não é a mesma literatura que deveria ser apresentada na sala de aula e aquela que deveria despertar no individuo o desejo de amar, conhecer e querer bem a sua cultura. Quando aos jovens falei de nomes da literatura alagoana, dos poetas e escritores, ninguém ao menos sabiam quem eram. Confesso que parei por alguns longos instantes e tentei ver onde é que estava o erro, confesso que no momento não tive resposta alguma.

Outra dor me deu ao ver que a literatura de cordel é mal vista, ou melhor, é encarada de uma forma preconceituosa por parte dos mesmos, que trata o cordel como coisas de velho e muitos nem se abri para conhecer e ver o qual foi importante para a criação de uma identidade, da nossa identidade como povo e dos fatos do cotidiano que elevou o nosso nordeste para o Brasil.
Mas a culpa não é apenas dos gestores que nada fazem para essa realidade acontecer, e sim nossa que fazemos cultura, que participamos no processo de construção desta identidade e que nada fazemos, apenas esperamos que isso mude, que os gestores tomem um outro posicionamento, o que na verdade nunca acontecerá.

Precisamos na verdade é fazer com que a nossa terra seja valorizada, através dos nossos artistas, escritores e poetas que aqui vivem, ou que escolhem esta terra para morar. Destacar que a nossa literatura também é importante para que nós e que não passemos vergonha ao sermos questionados por alguém de outro estado que vier a Alagoas e se deparar com pessoas que não conhecem o que é da sua própria realidade.

É uma tarefa que é muito árdua, mas que com o trabalho de base e colaboração dos escritores e principalmente dos leitores, poderemos modificar esta realidade e colocar o nosso estado no auge, pois se educarmos e fomentarmos o desejo à leitura mudaremos radicalmente essa realidade de opressão.