No Brasil, cerca de 3 mil pessoas morrem por ano por causa da asma. Em sua maior parte, estas mortes prematuras poderiam ser evitadas com a adequada orientação das pessoas que sofrem com a doença e seus familiares. Segundo o Dr. Rafael Stelmach, pneumologista e coordenador do Ambulatório de Asma do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), é preciso conscientizar a população de que, primeiro, a asma é uma doença crônica, na maioria das vezes de origem alérgica familiar, que não tem cura e que, portanto, deve ser acompanhada pelo médico ao longo da vida do paciente, mesmo naqueles períodos em que não há crises agudas da doença.
Em casos mais graves, explica o médico, mesmo sob controle, os pacientes precisam usar regularmente as suas medicações, tal como se faz na hipertensão ou no diabetes. Contudo, em se tratando dos medicamentos para asma, em sua maioria administrados na forma de inaladores, não basta apenas a continuidade no tratamento, embora esta seja bastante importante. É preciso também que o paciente seja orientado a usar corretamente estes dispositivos, para que ele seja beneficiado pelo tratamento.
Asma: mitos e verdades
MITO: “O médico só deve ser procurado em caso de crise”.
Esta afirmação é uma das principais causas dos altos índices de hospitalizações por asma. O correto é manter o tratamento conforme orientação médica e só interrompe-lo quando com autorização do médico. Desta forma, o paciente poderá usufruir de uma vida com muito mais qualidade, e sem sustos.
VERDADE: “O paciente asmático pode e deve praticar atividade física, mas sempre sob orientação e acompanhamento médico”.
Ao contrário do que muitos pensam, a pessoa com asma controlada não apenas pode praticar atividade física regularmente, como pode até mesmo chegar a ser um profissional do esporte. Exemplos dessa superação são os nadadores Mark Spitz e o brasileiro Fernando Scherer, o Xuxa; assim como a triatleta brasileira Carla Moreno, heptacampeã do Troféu Brasil de Triatlo.
MITO: “O uso contínuo de medicamentos, como as chamadas ‘bombinhas’, oferece risco cardíaco”.
Esta afirmação é uma da principais causas de falta de tratamento adequado de pessoas com asma. Os tratamentos com medicamentos inalados são os ideais porque agem diretamente onde a doença está. E podem ser utilizados sem receio, sempre sob orientação médica.
VERDADE: “Asma e bronquite crônica não são a mesma coisa, ao contrário, são doenças bastante diferentes”.
Enquanto a asma atinge indivíduos de qualquer faixa etária, especialmente crianças, com sintomas de falta de ar e chiado no peito, a bronquite crônica está relacionada ao tabagismo. É uma doença pulmonar obstrutiva crônica, assim como o enfisema pulmonar, e dificilmente atingirá uma criança. Em geral, os pacientes são adultos e fumantes.
O que é a asma
A asma é uma doença que não tem cura e que, portanto, precisa ser acompanhada por toda a vida. Embora seja frequentemente confundida com gripes recorrentes ou mal curadas, ela é, na verdade, uma doença crônica dos pulmões: um tipo especial de inflamação que dificulta a passagem do ar e que é, muitas vezes, é identificada como bronquite. A asma provoca chiado e aperto no peito, falta de ar e tosses repetidas. É mais comum na infância, mas acomete também adultos e pessoas idosas.
A doença não tem causa única, resulta de múltiplos fatores genéticos e do ambiente. Os sintomas são provocados geralmente por resfriados, por inalação de substâncias que provocam alergia (em geral poeira e mofo) ou que irritam o aparelho respiratório, principalmente a fumaça. A estratégia de prevenção requer a identificação de fatores de risco relevantes individuais.
O controle adequado da asma permite que a pessoa tenha uma vida inteiramente normal, sem qualquer limitação. Há inúmeros campeões olímpicos de modalidades variadas do esporte que têm asma, como as celebridades da natação Mark Spitz e Fernando Scherer, que desenvolvem as suas atividades sociais e profissionais normalmente, em decorrência do acompanhamento preventivo. Em alguns casos, o exercício físico pode precipitar sintomas, mas isso pode ser controlado com tratamento para permitir que os seus portadores desenvolvam atividades físicas regulares.
Tormento familiar
Quando não acompanhada adequadamente, a asma provoca grande desconforto e sofrimento na família, tirando as crianças das escolas e os adultos do trabalho, em virtude dos frequentes atendimentos de emergência e hospitalizações, que podem levar à morte por asfixia. É possível, todavia, controlá-la com medicações eficazes e seguras.
Por meio do tratamento adequado, pode-se reduzir seus sintomas, melhorar a qualidade de vida do paciente e diminuir os custos para as famílias e o para o SUS. Há dois tipos de remédio para a doença. As medicações broncodilatadoras, administradas por meio de nebulizações (“bombinhas”), propiciam alívio imediato dos sintomas. Há também drogas específicas para combater a inflamação nos brônquios e, assim, prevenir as crises de asma.