Sinistras por excelência, vestidas de luto, agourentas e catastróficas, surgindo da mais profunda e tenebrosa escuridão, eis a gênese doentia das profecias em suas macabras funções de monstros para aterrorizar o mundo. Nos dias atuais, desenterradas de um túmulo milenar, encontram-se na passarela dos horrores as profecias do povo Maia que preveem acontecimentos que causarão graves mudanças climáticas e que afetarão a sobrevivência da humanidade. Assim são elas em sua maioria, de índole apavorante sem deixarem, no entanto, de instigar a imaginação. Por que elas existem? Achamos que têm raízes na fome insaciável pelo saber e, se possível, a apreensão de todo o conhecimento, fato que faz do homem um Dom Quixote que se vale de tudo para o alcance desse objetivo. Não bastam os conhecimentos convencionais e científicos, lentos para conter sua impaciência e procura alguns atalhos para avançar no tempo, fazendo uso dos profetas e pitonisas. Vivemos o presente, mas isso não nos basta, queremos saber o que acontecerá no futuro. Será a precognição digna da fé? Tem ela uma base científica ou seus prováveis acertos são frutos de uma mera coincidência?
A física, com amparo na Teoria da Relatividade segundo nenhum objeto pode ultrapassar a velocidade da luz, em torno de trezentos mil quilômetros por segundo, teria possibilidade, se fosse possível viajar a essa velocidade, de recuar ou avançar no tempo. O que não entendemos, na nossa ignorância, é como a mesma velocidade pode atingir ao mesmo tempo dois pontos situados em polos opostos, passado e futuro, imaginando-se uma viagem em linha reta. Certamente, em face da velocidade, passado e futuro encontram-se na mesma rota, podendo um ou outro ser aleatoriamente alcançado. Dentro desse entendimento, admitindo-se que o pensamento pode ultrapassar a velocidade da luz, seria isso a explicação das profecias avançarem no tempo?
É impressionante como a física atual, parecendo ter um pé na mágica e no ilusionismo, elabora tão impressionantes teorias, especialmente no que se refere às viagens na relação tempo-espaço, capazes de derreterem o cérebro do homem comum. Geniais no campo da inspiração, essa colossal criatividade permanecerá na incredulidade até que possam ser provadas na prática. O conhecimento vulgar e mesmo sob o ponto de vista filosófico, não consegue admitir a possibilidade de se avançar ou recuar no tempo. Vamos, então, imaginar um viajante que recuou no tempo e presenciou um importante fato histórico. Teria ele condições de modificá-lo? Vejamos o conhecido paradoxo do avô. Se ele o matasse ainda jovem, como iria explicar a sua existência? Afirmam os físicos que ele não teria o poder de alterar nada. Achamos que disso podemos concluir que o viajante não presenciou o real fato histórico, mas apenas uma abstração ou imagem virtual do acontecimento.
E isso é possível porque o som e imagem propagam-se no espaço sem se perderem, podendo serem captados a qualquer tempo. E no que tange ao avanço no tempo, como podemos conceber que se veja o que ainda não aconteceu? Achamos que nesse caso só a teoria filosófica do eterno retorno, imaginada pelos Pitagóricos e posteriormente por Nietzsche abordada, explicaria, isto é, o futuro visualizado pelo viajante já existiu num passado, possivelmente numa outra remota civilização. Segundo essa teoria, tudo se repete nos mínimos detalhes. Nós mesmos somos uma repetição de infinitas vezes no passado e da mesma forma seremos no futuro.
As profecias nunca abandonaram o homem em todo o curso da sua história. Feiticeiros e videntes continuam em suas práticas para vaticinar acontecimentos de ordem individual ou coletivo. As de abrangência de toda humanidade padecem de pessimismo, talvez para angariar mais credibilidade em suas previsões catastróficas. Assim entendemos porque numa observação da história percebemos que calamidades sociais de toda ordem e as graves consequências do mau humor da natureza, exemplo mais recente a tempestade Sandy nos Estados Unidos, sempre fizeram e farão parte dos tropeços da caminhada da humanidade.
Atualmente, seguindo a tradição das grandes profecias, as preocupações e expectativas para os próximos dias estão voltadas para as que procedem do povo Maia. Fizemos uma rápida leitura de um texto extraído via internet. Vimos uma mistura de Astrologia e Astronomia. Sob este aspecto, diz que em 2012 nosso sistema solar vai se encontrar no cruzamento entre duas galáxias e alinhar-se no centro da Via Láctea. Trata-se de um ciclo que acontece a cada 5.125 anos, sendo o último o dilúvio narrado no antigo testamento. Nessa mesma linha de pensamento, Platão acreditava que em intervalos sucessivos a civilização foi aniquilada por diversos cataclismos. A propósito, foi a sua primeira referência sobre a provável existência da Atlântida e seu misterioso desaparecimento. A terra, então, passará a receber um sol mais quente, o clima será afetado, provocando um caos social pela fome. Terá início a uma época de conflitos, guerras, loucuras, destruição e sofrimento, resultando uma evolução seletiva. No campo da astrologia, afirma que a luz emitida desde o centro da nossa galáxia sincronizará todos os seres vivos. Desaparecerão as leis e controles externos pela força. A partir do sábado, 22/12/2012, num processo que se iniciou em 1992, todas as relações serão baseadas na tolerância e na flexibilidade.
O que nos causa admiração é que muitos pessoas estão acreditando nas profecias em referência, já tendo providenciado a construção de abrigos subterrâneos em locais secretos da Europa e Estados Unidos, abastecidos com provisões para dois ou três anos de sobrevivência. Por outro lado causa-nos assombro que um povo que praticava sacrifícios humanos tivesse tão grande conhecimento de astronomia. Não menos curioso, é o fato de que tendo vivido numa área territorial relativamente pequena, com baixa densidade demográfica e sem uma sociedade complexa nos moldes do mundo contemporâneo, tenha imaginado uma utopia do homem livre, sem as amarras dos governantes, num puro anarquismo de uma sociedade evoluída. Será que o último ciclo produziu a mesma aura no homem, tornando-o altamente espiritualizado? A conclusão natural seria o sim. E o que aconteceu com esse homem superior?
As profecias maias não serão as últimas e outros Nostradamus surgirão para intranquilizar o homem. A própria bíblia sempre trilhou por esse caminho e seus atuais seguidores, cristãos por intermédio de seus representantes estão sempre alertando seus rebanhos da proximidade dos últimos dias, como se encontra em Mateus, 24:8. Não acreditamos, na forma imaginada, no cumprimento das profecias maias. Existe atualmente o referido alinhamento do nosso sistema solar entre as duas galáxias? O sol, certamente, não irá emitir raios mais quentes para a terra. Em constante erupção, algumas bem fortes, tendo causado danos localizados em redes elétricas, poderá acontecer uma extremamente forte que não poderá ser neutralizada pelo campo magnético da terra, desligar toda a rede elétrica do mundo e gerar uma enorme hecatombe.
Que o mundo venha a sofrer um cataclismo de grandes proporções, e inúmeras são as possibilidades vindas do espaço sideral, não há, cientificamente, nenhuma dúvida. O que não podemos saber é quando, se hoje ou daqui a milhões de anos. Eis porque, em razão desse inexorável destino, as profecias continuarão a existir e o homem, refém do inventável, permanecerá na expectativa da tragédia, sempre apreensivo e amedrontado, acompanhando os ponteiros do relógio do apocalipse final.
