27 Agosto 2009 - 18:41

Flávio Arns formaliza desfiliação do PT

Agência Senado

O senador Flávio Arns (PT-PR) oficializou hoje (27) sua desfiliação do partido. Em discurso no plenário, Arns repetiu as críticas feitas há duas semanas ao partido, na reunião do Conselho de Ética do Senado, referindo-se à postura dos senadores petistas que votaram pelo arquivamento dos pedidos de investigação de denúncias envolvendo o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).

No pronunciamento, Arns apontou alguns dos motivos que o levaram a deixar o PT, entre eles, o fato de o partido ter orientado senadores a votar pelo arquivamento das representações contra Sarney no Conselho de Ética "em flagrante distanciamento e violação aos princípios e diretrizes que sempre nortearam o ideal do partido”.

O senador lembrou que a direção do PT ignorou o manifesto da bancada, que defendia o afastamento temporário de Sarney para que as investigações fossem conduzidas com isenção. Ele também reclamou de “discriminação” do partido e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra sua pessoa.

A direção nacional do PT não decidiu, ainda, se reivindicará o mandato de Flávio Arns no Supremo Tribunal Federal (STF) com base na resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que o mandato pertence ao partido, e não ao parlamentar. De acordo com a assessoria do diretório, o assunto será tratado na reunião da Executiva Nacional, no próximo dia 3.

Apartes

Pedro Simon (PMDB-RS) disse que parece que não há lugar para pessoas como Arns no PT, "como não há para Frei Betto, para o senador Cristovam e para aquelas pessoas fantásticas que fizeram a doutrina do PT".

Eduardo Azeredo (PSDB-MG) lembrou que Flávio Arns deixou o PSDB por coerência e disse que a atitude tomada nesta quinta pelo senador paranaense, "homem público de primeira grandeza", merecia todo o respeito do Senado: "Não merecem respeito os que o criticam", acrescentou, lembrando que um ex-ministro menosprezou a saída de Arns do PT e que o próprio presidente Lula declarou que Flávio Arns era encrenqueiro:

- É encrenqueiro, sim, para defender as boas causas - disse Azeredo.

Cristovam Buarque (PDT-DF) lembrou que já viveu o que Flávio Arns estava vivendo, porque também deixou o PT.

- Sei do seu sofrimento e, ao mesmo tempo, da satisfação de cumprir o dever, do orgulho que deve estar sentindo da coragem que teve - afirmou.

Mário Couto (PSDB-PA) concordou com Flávio Arns quando sustentou que a fidelidade partidária tem dois lados e discordou de Cristovam Buarque, que previu que o PT, não sabe quando, ainda será um grande partido; para ele, "o PT está se estraçalhando de uma vez".

Eduardo Suplicy (PT-SP) disse compreender o sentimento e respeitar a decisão de Flávio Arns, mas observou ele próprio preferiu manifestar-se em Plenário, propondo a Sarney a renúncia ao cargo de presidente do Senado.

 

Ao final de seu discurso, Flávio Arns foi aplaudido por senadores e por pessoas que ocupavam a tribuna de honra do Plenário. Na presidência da sessão, o 3º secretário do Senado, Mão Santa (PMDB-PI), disse que Flávio Arns merece os aplausos de todo o Brasil.

por Redação com Agência Brasil e Agência Senado

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